Mortalidade infantil nos EUA e nascimentos aumentam após restrições ao aborto

Mortalidade infantil nos EUA: estudo revela aumento após restrições ao aborto. Entenda os impactos e as desigualdades raciais. Saiba mais!
08/03/2025 às 14:04 | Atualizado há 6 meses
Mortalidade infantil nos EUA
Estudos revelam desigualdade nos impactos das proibições entre a população americana. (Imagem/Reprodução: Super)

Após a implementação de restrições ao aborto em 14 estados dos EUA, um estudo recente aponta para um aumento tanto na taxa de natalidade quanto na **mortalidade infantil nos EUA**. A pesquisa, conduzida pela Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health, revela que essas mudanças nas leis tiveram impactos significativos e desiguais na população.

O estudo, publicado na revista científica _JAMA_, analisou dados de 2012 a 2023 e constatou que a proibição do aborto resultou no nascimento adicional de 22.180 bebês. Paralelamente, o número de mortes de recém-nascidos excedeu em 478 os valores esperados caso as leis de aborto não tivessem sido alteradas.

Em junho de 2022, a Suprema Corte dos EUA reverteu a decisão de Roe v. Wade, que garantia o direito ao aborto em nível federal. Com essa mudança, cada estado ganhou autonomia para legislar sobre o tema. A pesquisa se concentrou nos 14 estados que implementaram proibições ou restrições significativas ao aborto nos 18 meses seguintes.

Os resultados indicam que a taxa de mortalidade infantil nos EUA nesses estados aumentou, em média, 5,6%. No entanto, o impacto variou consideravelmente entre diferentes grupos. Entre bebês afro-americanos, por exemplo, a taxa de mortalidade subiu 11% em comparação com o que era previsto sem as restrições. Além disso, houve um aumento de 10,9% nas mortes decorrentes de doenças congênitas.

O estudo também observou que a taxa de fertilidade aumentou mais entre minorias raciais (negros, hispânicos e outros), mulheres jovens, solteiras e sem diploma universitário. Os autores sugerem que o aumento na mortalidade infantil pode ser atribuído a dois fatores principais.

Primeiramente, gestações de fetos com doenças congênitas, que antes eram frequentemente interrompidas, agora chegam ao termo com maior frequência. Embora alguns estados ainda permitam o aborto nesses casos, outros não abrem exceções.

Em segundo lugar, as restrições ao aborto afetam desproporcionalmente mulheres de classes sociais mais baixas e minorias raciais, que muitas vezes não têm recursos para viajar para estados onde o procedimento é legalizado. Essas populações já apresentam taxas mais elevadas de mortalidade infantil e materna.

De acordo com Suzanne Bell, professora assistente da Bloomberg School e coautora do estudo, muitas mulheres grávidas enfrentam dificuldades para acessar serviços de aborto e são forçadas a levar adiante gestações indesejadas ou inseguras até o parto. Ela ressalta que os efeitos das proibições não são sentidos de forma igualitária, impactando mais fortemente as populações que já enfrentam maiores desvantagens estruturais e nos estados com piores indicadores de saúde materna e infantil.

No Brasil, o aborto é ilegal, exceto em casos de estupro, risco de vida para a mãe e anencefalia do feto.

Via Super Abril

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.