Produção industrial brasileira registra queda em setembro, conforme previsto

Produção da indústria brasileira recua 0,4% em setembro, reflexo da política monetária e tarifas comerciais.
04/11/2025 às 10:22 | Atualizado há 3 dias
               
Produção industrial brasileira
Produção industrial brasileira recua em setembro após leve recuperação em agosto. (Imagem/Reprodução: Moneytimes)

A produção industrial no Brasil apresentou queda de 0,4% em setembro, interrompendo a recuperação registrada em agosto. Este desempenho está alinhado com as expectativas do mercado e reflete desafios econômicos atuais.

Os impactos das taxas de juros elevadas e tarifas impostas pelos EUA sobre produtos brasileiros continuam a pressionar o setor. Diversos segmentos industriais, como farmoquímicos, extrativos e veículos automotores, apresentaram recuos significativos.

Apesar das dificuldades, alguns setores, como o alimentício, mostraram crescimento. O setor industrial encerrou o terceiro trimestre com leve aumento, mas permanece distante dos níveis históricos mais altos.
A produção industrial brasileira apresentou um novo recuo em setembro, interrompendo a leve recuperação observada no mês anterior. Este desempenho reflete o impacto contínuo das tarifas impostas pelos EUA e a persistente falta de dinamismo do setor ao longo do ano, em um contexto de política monetária restritiva. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em setembro, a indústria registrou uma queda de 0,4% na produção em comparação com o mês anterior, conforme dados divulgados pelo IBGE. Em agosto, a produção industrial havia apresentado um crescimento de 0,7%, revisado pelo IBGE de um avanço de 0,8% inicialmente informado. No comparativo com o mesmo mês do ano anterior, a produção teve um aumento de 2,0%.

Com esses resultados, o setor industrial encerrou o terceiro trimestre com um leve aumento de 0,1%, após crescimentos de 0,2% em cada um dos trimestres anteriores. Segundo o IBGE, o setor ainda se encontra 14,8% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011. As estimativas para setembro estavam alinhadas com as expectativas de uma pesquisa da Reuters, que apontava para uma queda de 0,4% no mês e um aumento de 1,7% na comparação anual.

A política monetária restritiva, com a taxa básica Selic fixada em 15%, continua a exercer pressão sobre a indústria brasileira, dificultando o acesso ao crédito e impactando as decisões de investimento. Além disso, as tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, em vigor desde agosto, também afetam alguns setores exportadores.

De acordo com André Macedo, gerente da pesquisa do IBGE, muitos informantes atribuem a queda na produção ao tarifaço, especialmente em setores como madeira e bens de capital. No entanto, Macedo ressalta que a retração da indústria está mais relacionada à elevada taxa de juros. Ele também observou um menor dinamismo no setor industrial, com muitas taxas negativas ou próximas de zero, e que a política monetária tem freado a indústria desde o segundo semestre do ano anterior.

O levantamento do IBGE revelou que 12 das 25 atividades industriais apresentaram redução na produção em setembro. Entre as influências negativas mais significativas estão os produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-9,7%), as indústrias extrativas (-1,6%) e os veículos automotores, reboques e carrocerias (-3,5%). Macedo destacou que esses segmentos têm um peso considerável na estrutura industrial, representando aproximadamente 23% do total da indústria geral.

Em contrapartida, a fabricação de produtos alimentícios apresentou um avanço notável, com alta de 1,9%, registrando o terceiro resultado positivo consecutivo e acumulando uma expansão de 4,4% nesse período. No que se refere às categorias econômicas, os bens de consumo duráveis apresentaram uma queda de 1,4%, enquanto os bens intermediários recuaram 0,4% e os bens de consumo semi e não duráveis tiveram uma perda de 0,1%. A produção do segmento de bens de capital, por sua vez, registrou um aumento de 0,1%.

A recente retração na produção industrial brasileira em setembro, em linha com as expectativas do mercado, indica os desafios enfrentados pelo setor. A combinação de fatores como a política monetária restritiva e as tarifas comerciais impactam negativamente o desempenho da indústria, exigindo atenção e medidas estratégicas para promover a recuperação e o crescimento sustentável.

Via Money Times

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.