Minerais críticos do Brasil são apontados como opção de barganha no cenário internacional

Minerais críticos do Brasil: entenda como o país pode usar seus recursos como barganha no cenário global. Descubra o potencial e a estratégia!
09/03/2025 às 15:03 | Atualizado há 6 meses
Minerais críticos do Brasil
Brasil possui 95% do nióbio global, vital para ligas metálicas e supercondutores. (Imagem/Reprodução: Super)

O Brasil possui um vasto leque de recursos naturais, e os **minerais críticos do Brasil** ganham destaque no cenário global. Em um mundo que busca alternativas para garantir o suprimento de matérias-primas essenciais, o país emerge como um potencial protagonista, com reservas significativas que podem impulsionar sua influência geopolítica e econômica.

A dependência da União Europeia (UE) de fontes externas para insumos estratégicos, especialmente após conflitos como o da Ucrânia, escancara a necessidade de diversificação. Com uma indústria bélica em transformação e limitada reserva de tântalo e tungstênio, a UE busca alternativas para garantir seu desenvolvimento e segurança.

Nesse contexto, o Brasil se apresenta como uma opção estratégica, com cerca de 10% das reservas globais de minerais críticos. Nióbio, grafite, terras raras, níquel, lítio, cobre e cobalto são alguns dos minerais que o país possui em abundância. Apesar desse potencial, a produção brasileira ainda representa uma pequena fração do mercado mundial, evidenciando a necessidade de investimentos e regulamentação para impulsionar o setor.

A União Europeia reconhece a importância de garantir o acesso a matérias-primas críticas e tem buscado parcerias com fornecedores confiáveis. O Brasil, com práticas de mineração sustentável, pode se posicionar como um parceiro estratégico para a UE, assegurando o fornecimento desses minerais. Estudos apontam que o setor de minerais críticos pode injetar bilhões no PIB brasileiro nas próximas décadas, consolidando o país como um importante player na cadeia global de suprimentos.

O Brasil possui aproximadamente 95% das reservas conhecidas de nióbio, um elemento fundamental para a fabricação de ligas metálicas de alta performance e supercondutores. Além disso, o país detém cerca de 22% das reservas globais de grafite, matéria-prima essencial para baterias de íons de lítio e materiais ultrarresistentes. No que se refere às terras raras, o Brasil ocupa a terceira posição mundial em reservas, elementos indispensáveis na produção de componentes de defesa, motores elétricos e eletrônicos.

Em relação ao níquel, o Brasil detém cerca de 17% das reservas mundiais, mineral crítico utilizado em baterias modernas e superligas aeroespaciais. E, finalmente, o país já se destaca como o quinto maior produtor mundial de lítio, mineral fundamental na transição energética para veículos elétricos e sistemas de armazenamento de energia.

Apesar de possuir uma infraestrutura de mineração considerável, o Brasil enfrenta o desafio de agregar valor aos seus recursos minerais por meio de processamento e refino avançados. Historicamente, grande parte dos minerais extraídos no país é exportada em formas primárias, demonstrando uma dependência de tecnologia estrangeira. Para reverter essa situação, é crucial investir em pesquisa e desenvolvimento (P&D), permitindo ao país dominar as técnicas de refino e manufatura de materiais de alto desempenho.

Essa autonomia tecnológica não só reduziria a dependência de *know-how* externo, mas também fomentaria um ecossistema industrial avançado. Os avanços tecnológicos impulsionados pelo investimento em P&D teriam aplicações notáveis em diversas áreas, como na produção de ligas especiais de nióbio para fortalecer a proteção de veículos e estruturas, na fabricação de ímãs e componentes à base de terras raras para aprimorar radares e motores de *drones*, e no refino de níquel e cobalto para viabilizar a produção de turbinas e superligas para equipamentos militares.

A Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (ENCTI) 2023-2030 enfatiza a importância de parcerias público-privadas focadas no desenvolvimento de produtos, processos e serviços tecnológicos para agregar valor aos recursos naturais brasileiros. Ao investir em P&D e capacitação tecnológica, o Brasil pode valorizar seus minerais e fortalecer sua soberania e segurança nacional por meio de uma indústria de defesa autossuficiente.

Alternativamente, o Brasil pode utilizar seu potencial de fornecimento de minerais críticos do Brasil como instrumento de barganha geopolítica. Ao se posicionar como um fornecedor estratégico, o país pode fortalecer sua influência na nova ordem global, especialmente em um momento em que a União Europeia busca diversificar suas fontes de matérias-primas. Essa estratégia permitiria ao Brasil negociar melhores termos comerciais e políticos, consolidando sua posição no cenário mundial.

O Brasil tem a oportunidade de moldar a nova ordem global não apenas pela força tecnológica, mas pela influência sobre os recursos que o mundo precisa. Com inteligência estratégica, o país pode transformar sua dependência tecnológica em poder de negociação, aproveitando seu controle sobre matérias-primas essenciais para as economias mais avançadas.

Via Superinteressante

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.