A isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, aprovada pelo Senado e aguardando sanção presidencial, deve injetar cerca de R$ 27 bilhões na economia em 2026. A medida também reduz o imposto para quem recebe entre R$ 5 mil e R$ 7.350, aumentando a renda disponível da população.
Especialistas apontam que o principal impacto será no varejo, com consumidores de baixa renda priorizando o consumo imediato, especialmente itens básicos como alimentos e carnes. No entanto, parte desse recurso pode ser usada para quitar dívidas, que ainda pressionam o orçamento familiar.
Além do varejo, o setor de carnes pode se beneficiar, assim como o mercado de jogos online, que cresce entre os brasileiros. O cenário econômico para bens duráveis e eletrônicos deve ser mais modesto devido às condições de crédito e juros.
Aprovada pelo Senado e aguardando sanção presidencial, a isenção de IR para quem ganha até R$ 5 mil promete injetar cerca de R$ 27 bilhões na economia em 2026. A medida, que também reduz o imposto para salários entre R$ 5 mil e R$ 7.350,00, visa aumentar a renda disponível da população e impulsionar o setor varejista. Mas, para onde irá esse dinheiro extra?
A expectativa é que o varejo sinta um impacto positivo com o aumento do poder de compra. Danniela Eiger, head de Varejo da XP, aponta que consumidores de baixa renda tendem a priorizar o consumo imediato quando há aumento na renda, o que beneficia diretamente as empresas do setor.
Contudo, nem tudo deve ir para as lojas. Uma parcela significativa desse montante pode ser destinada à quitação de dívidas, que ainda pesam no orçamento de muitas famílias brasileiras. Além disso, o aumento nos gastos com itens básicos, como alimentos, também é uma possibilidade, visto que o poder de compra da população ainda enfrenta restrições.
Ainda que outras categorias de consumo, como vestuário e eletrônicos, possam se beneficiar, o impacto tende a ser mais modesto. A aquisição de bens duráveis depende fortemente das condições de crédito e das taxas de juros, que devem apresentar uma redução lenta no próximo ano. Portanto, o foco principal deve ser nos bens de consumo básico e em itens de menor valor.
O setor de carnes também pode comemorar. Leonardo Alencar, head de Agro, Alimentos e Bebidas da XP, destaca que 2026 será um ano de eleições, período em que historicamente há um aumento da renda disponível e estímulo ao consumo, especialmente de proteínas. A isenção de IR reforça esse cenário positivo, impulsionando o consumo interno e as exportações do setor.
Frigoríficos devem se beneficiar do bom desempenho das exportações e de margens mais favoráveis, com destaque para os segmentos de frango e suíno. Apesar da possível pressão de custos ligada aos grãos, o cenário ainda é positivo para esses segmentos. No caso da carne bovina, a oferta elevada deve diminuir em 2026, o que pode gerar um aumento nos preços do boi, embora menos acentuado do que se previa.
Vale lembrar que o varejo não é o único destino possível para esse dinheiro extra. Os jogos online surgem como um concorrente de peso na disputa pelos recursos liberados pela isenção de IR. Um estudo recente apontou que cerca de 40 milhões de brasileiros apostaram ou jogaram online nos últimos 12 meses, e muitos deles abriram mão de outros tipos de consumo para isso.
O Índice do Setor de Consumo da B3 acumula alta neste mês, refletindo o bom momento do mercado. Resta saber como a isenção de IR impactará o comportamento dos consumidores e quais setores sairão mais fortalecidos com essa medida.
Via InfoMoney