Ternium investe R$ 1,7 bilhão para aumentar participação na Usiminas em meio a desafios do mercado de aço

Ternium amplia controle na Usiminas com investimento de R$ 1,7 bi em um cenário desafiador para o aço brasileiro.
12/11/2025 às 21:07 | Atualizado há 5 dias
               
Compra da Usiminas
Ternium assume controle da Usiminas ao comprar fatia da Nippon Steel. (Imagem/Reprodução: Investnews)

A Ternium anunciou um investimento de R$ 1,7 bilhão para ampliar sua participação na Usiminas, aguardando aprovação do Cade. A operação envolve a compra da fatia da japonesa Nippon Steel, elevando o controle da Ternium para quase 72% das ações com direito a voto.

O CEO da Ternium destaca que o investimento é uma aposta de longo prazo, mesmo diante da concorrência do aço chinês e da baixa nos preços do mercado brasileiro. A estratégia inclui expansão regional e o fortalecimento da cadeia produtiva local para reduzir a dependência de fornecedores estrangeiros.

Por outro lado, a Usiminas mantém uma postura cautelosa, limitando novos aportes devido à elevada concorrência das importações chinesas. A empresa foca em investimentos já aprovados, enquanto analisa o cenário para possíveis revisões futuras em seus planos de investimento.
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A Compra da Usiminas pela Ternium, controlada pelo grupo ítalo-argentino Techint, representa um investimento de US$ 315 milhões (R$ 1,7 bilhão). Essa aquisição da fatia da japonesa Nippon Steel, aguarda aprovação do Cade e dará à Ternium mais de 70% das ações com direito a voto na siderúrgica mineira.

O CEO da Ternium, Máximo Vedoya, destaca que essa movimentação é uma aposta de longo prazo, mesmo com o setor siderúrgico enfrentando desafios como o avanço do aço chinês e a queda de preços no mercado brasileiro. Vedoya reforça a importância da indústria para o desenvolvimento econômico.

Segundo Vedoya, os investimentos da Ternium na região, incluindo a expansão do complexo de Pesquería no México (US$ 2,2 bilhões) e melhorias operacionais na Usiminas e em plantas na Argentina, demonstram confiança na reindustrialização da América Latina. Ele assumirá o comando da Alacero em 2026.

A estratégia da Ternium é fortalecer a cadeia produtiva regional e reduzir a dependência da China. A empresa busca substituir fornecedores chineses por produtores locais, visando gerar emprego e valor nas regiões onde atua. Vedoya defende que a indústria siderúrgica latino-americana é competitiva em custo e qualidade.

A Ternium controla 13 plantas industriais em seis países, com capacidade de quase 20 milhões de toneladas anuais, consolidando-se como o maior grupo siderúrgico da América Latina. Na Usiminas, o CEO Marcelo Chara adota um discurso mais cauteloso, com foco na preservação da competitividade em um ambiente de margens comprimidas.

A siderúrgica mineira mantém os investimentos já aprovados, como a nova coqueria em Ipatinga (R$ 1,7 bilhão) e o sistema de injeção de carvão pulverizado (R$ 600 milhões), mas não há planos de novos aportes devido à distorção do mercado pelo aço chinês. Chara menciona a entrada de um volume equivalente a três usinas no país via importações, com preços que produtores locais não conseguem igualar.

Apesar de manter os investimentos em curso, a Usiminas poderá revisar para baixo o capex projetado se não houver reação do mercado e das autoridades à concorrência das importações. Chara afirma que, sem previsibilidade, não há como garantir novos aportes.

No balanço mais recente, a Usiminas registrou receita líquida de R$ 6,6 bilhões e Ebitda ajustado de R$ 434 milhões, com margem de 7%. O trimestre foi marcado por um prejuízo contábil de R$ 3,5 bilhões, decorrente de um impairment de R$ 2,2 bilhões e de um ajuste de R$ 1,4 bilhão em impostos diferidos. Apesar disso, a empresa encerrou o período com dívida líquida de apenas R$ 327 milhões e alavancagem de 0,16 vez o Ebitda.

A saída da Nippon Steel encerra uma relação iniciada nos anos 1950 e põe fim a um modelo de controle compartilhado. Com a aquisição das ações, a Ternium vai elevar sua participação para 71,97% do capital votante, concentrando 92,9% dos votos do bloco de controle. Os 7,1% restantes permanecem com a Caixa de Previdência dos Empregados da Usiminas.

Essa transição ocorre após anos de disputas societárias, incluindo a briga com a CSN sobre a necessidade de uma oferta pública de ações (OPA) pela Ternium. A entrada da Ternium na Usiminas ocorreu em 2012, com a aquisição das participações de Votorantim e Camargo Corrêa.

O caso gerou decisões na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e no Superior Tribunal de Justiça (STJ), que fixou R$ 5 bilhões em indenizações, reduzidos para R$ 3 bilhões, aguardando análise no Supremo Tribunal Federal (STF). O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) multou a CSN em R$ 128,7 milhões e determinou a redução de sua participação na Usiminas para menos de 5%.

Analistas apontam que, com a saída da Nippon Steel e a Compra da Usiminas pela Ternium, há espaço para uma integração total entre as operações da Usiminas e da Ternium Brasil, que produz placas em Santa Cruz (RJ). Essa movimentação pode abrir caminho para uma reorganização industrial, com sinergias logísticas e ganhos de escala. Juntas, as duas empresas produzem cerca de 8,5 milhões de toneladas de aço por ano no Brasil.

A Compra da Usiminas pela Ternium representa uma reconfiguração no cenário da siderurgia nacional. A maior participação da Ternium pode trazer novas estratégias e investimentos, mas também exige atenção para os desafios do mercado, como a concorrência com o aço importado e a necessidade de garantir a competitividade da produção local. Acompanhar os próximos passos dessa integração será crucial para entender os impactos no setor.

Via InvestNews
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Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.