Em Cartagena, o chairman da Volkswagen na América do Sul destacou que tarifas são importantes, mas não suficientes para conter o avanço das montadoras chinesas. Ele defende o aumento da eficiência da indústria regional para garantir sustentabilidade a longo prazo.
Seitz ressaltou a necessidade de um esforço conjunto entre a indústria automotiva e siderúrgica para criar uma cadeia de produção competitiva e resiliente. A estratégia da Volkswagen inclui lançar modelos híbridos no Brasil e apostar na automação para aumentar a produtividade.
O executivo apontou que o governo brasileiro deve manter as tarifas de importação para equilibrar a competição. Apesar da rápida expansão das marcas chinesas, a Volkswagen consegue aumentar sua participação investindo em tecnologia e novos produtos.
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Em Cartagena, Colômbia, o debate sobre como conter o avanço das montadoras chinesas ganha um novo capítulo. Alexander Seitz, chairman executivo da Volkswagen na América do Sul, defende que as tarifas, embora importantes, não são a solução completa. A verdadeira chave reside em aumentar a eficiência da indústria sul-americana como um todo, visando uma sustentabilidade a longo prazo.
Seitz, em entrevista ao Brazil Journal, argumenta que a imposição de tarifas sobre carros e aço chineses é apenas uma parte da equação. Ele acredita que é fundamental promover uma reorganização completa do mercado, garantindo que a indústria automotiva e a siderúrgica trabalhem em sinergia. Essa colaboração, segundo ele, é essencial para criar uma cadeia de fornecimento competitiva e resiliente.
O executivo da Volkswagen ressalta que os preços do aço e outros materiais não devem retornar aos patamares elevados observados durante a pandemia. Nesse contexto, a indústria automotiva e as siderúrgicas precisam unir forças para enfrentar os desafios impostos pelo avanço das montadoras chinesas, que têm ganhado espaço no mercado sul-americano.
A Volkswagen anunciou recentemente que, a partir do próximo ano, todos os seus modelos desenvolvidos e vendidos no Brasil terão uma versão híbrida. Seitz vê essa mudança como uma oportunidade para impulsionar a eficiência da produção por meio da automação, permitindo “fazer mais com menos”. Ele enfatiza que ignorar a importância da produtividade é um erro, pois a concorrência, especialmente a chinesa, está focada em aumentar sua eficiência.
Durante o evento Alacero Summit, Seitz expressou sua preocupação com o avanço das montadoras chinesas, que atualmente detêm 24% do mercado sul-americano e entre 9% e 10% do mercado brasileiro. Há 18 meses, essa participação era de apenas 2%. No entanto, a Volkswagen também tem conseguido aumentar sua competitividade, elevando sua participação de 13% para 17% através de novos produtos, tecnologia e conectividade.
A queda no preço do aço, cerca de 23% em relação ao ano anterior, tem contribuído para reduzir os custos de produção, mesmo com o aumento dos gastos com energia e salários. Seitz defende que aumentar impostos sobre o aço chinês não é a solução, pois isso pode prejudicar a competitividade da indústria local. Ele propõe um caminho de equilíbrio e contratos de longo prazo entre as empresas.
Seitz enfatiza que o governo brasileiro deve manter as tarifas de importação, pois as montadoras chinesas buscam reduzi-las, o que ele considera injusto. Ele relata sua experiência como CEO de uma joint venture em Xangai, onde o governo chinês cobria os custos fixos das fábricas. Além disso, as empresas chinesas têm acesso a energia mais barata e mão de obra mais competitiva.
Para Seitz, o imposto de importação não deve ser usado para barrar a competição, mas sim para garantir condições equitativas, com as mesmas leis trabalhistas, sindicatos e custos de financiamento. Ele acredita que as montadoras ocidentais podem competir com as chinesas, desde que aumentem a produtividade e adotem novas tecnologias, como as plataformas híbridas, que abrem oportunidades para automação e digitalização na produção.
A estratégia da Volkswagen de hibridizar todo o seu portfólio na América do Sul reflete a importância de adaptar as tecnologias às necessidades regionais. Enquanto os carros elétricos são o foco na China e avançam mais lentamente na Europa, os híbridos, que combinam etanol e eletricidade, oferecem uma solução mais adequada para o mercado sul-americano, proporcionando autonomia e prazer ao dirigir.
O ex-CEO da Stellantis, Carlos Tavares, levantou a possibilidade de algumas marcas ocidentais desaparecerem devido ao avanço das montadoras chinesas. Seitz concorda em parte, prevendo um movimento de consolidação e parcerias. No entanto, ele não acredita que os chineses comprarão grandes montadoras europeias, como Volkswagen, BMW ou Mercedes, devido a restrições governamentais. A colaboração tecnológica entre chineses e europeus é vista como o caminho mais provável.
Adquirir uma grande montadora chinesa, segundo Seitz, seria problemático devido ao excesso de fábricas e altos custos fixos. Além disso, as grandes montadoras europeias já têm joint ventures com empresas chinesas há décadas, o que torna mais sensato aprofundar essas parcerias do que começar do zero.
Via Brazil Journal
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