Trabalhadores enfrentam incertezas após falência decretada da Oi

Trabalhadores da Oi vivem apreensão e dúvidas após decreto de falência da empresa de telecomunicações.
13/11/2025 às 08:44 | Atualizado há 4 dias
               
Falência da Oi
13 mil trabalhadores ligados à empresa; dívidas acima de 150 salários mínimos incluídas. (Imagem/Reprodução: Infomoney)

A falência decretada da Oi provocou um clima de apreensão entre seus empregados, que já enfrentavam dificuldades com a recuperação judicial da empresa. A principal preocupação é a garantia dos direitos trabalhistas em meio à incerteza sobre o futuro.

Sindicalistas, como o presidente do Sinttel-RJ, destacam a falta de informações claras sobre os pagamentos pendentes e os impactos para cerca de 13 mil trabalhadores, incluindo funcionários de call centers e serviços de manutenção. A prioridade de pagamento dos créditos também gera dúvidas entre os empregados.

Enquanto a infraestrutura da Oi foi vendida para fundos de investimento, trabalhadores relatam dificuldades financeiras e angústia pela instabilidade. Entidades sindicais buscam negociações com autoridades para assegurar o pagamento das verbas rescisórias e o amparo dos funcionários afetados.
A decisão judicial que decretou a Falência da Oi gerou grande apreensão entre os trabalhadores da companhia, que já enfrentava um delicado processo de recuperação judicial. A incerteza sobre o futuro e a garantia de seus direitos tem sido motivo de grande preocupação. A empresa, que já foi a maior rede de infraestrutura de telecomunicações do país, agora vê seus funcionários em um estado de angústia e apreensão.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Telecomunicações do Rio de Janeiro (Sinttel-RJ), Luis Antonio Silva, expressou a decepção e o receio dos trabalhadores diante da situação. A falta de clareza sobre como seus direitos serão preservados é um ponto crucial de preocupação. A Oi opera em 7.500 localidades no Brasil, com 4.600 contratos no setor público e 10 mil com empresas privadas, totalizando cerca de 13 mil trabalhadores, incluindo aqueles em empresas de manutenção de rede e call centers.

Com a Falência da Oi, empregados com valores a receber superiores a 150 salários mínimos serão incluídos na massa falida, sem previsão de quando receberão seus pagamentos. Aqueles com créditos de até 150 salários mínimos terão prioridade no recebimento. Tanto a Serviços de Rede (Serede) quanto a Brasil Telecom Call Center (Tahto) entraram em recuperação judicial, impactando diretamente seus funcionários. A Serede possui aproximadamente 5 mil funcionários com salários atrasados, enquanto a Tahto emprega 5,8 mil pessoas. Ambas as unidades serão vendidas pela Oi.

A infraestrutura de fibra óptica da Oi foi comprada por fundos geridos pela BTG Pactual e repassada para a V.tal. Para a manutenção e reparo dessa base física, a V.tal contratou a Serede. Após o fim do contrato em setembro, a V.tal abriu concorrência para novas prestadoras de serviço, resultando na perda do principal cliente da Serede. A Serede, mesmo diante da crise, optou por não dispensar seus funcionários. Alguns pediram demissão para trabalhar nas novas prestadoras de serviço da V.tal, enquanto os demais foram realocados em outras funções.

Bruno Matias, operador multifuncional com 11 anos de empresa, relata que o decreto de Falência da Oi causou angústia coletiva, especialmente em relação aos pagamentos. Sem receber o salário do mês, Bruno precisou recorrer a um empréstimo para pagar suas contas. Sua situação é compartilhada por muitos colegas, que enfrentam depressão e dificuldades financeiras.

Milton Ibraim, consultor técnico com 13 anos na empresa, também compartilha dessa angústia. Após o término do contrato da Serede com a V.tal, a empresa redirecionou a mão de obra para a retirada de cobre, sem aviso prévio. Milton, pai de cinco filhos, incluindo dois com Transtorno do Espectro Autista (TEA), descreve a notícia da falência como um “balde de água fria”. Ele mantém a esperança de receber o salário atrasado, mas vive com medo de que a Serede decrete falência e os deixe desamparados.

Diante da Falência da Oi, o Sinttel-RJ busca uma reunião emergencial com o advogado Bruno Rezende, responsável pela gestão judicial da Oi, e com a juíza da 7ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, para tratar da situação dos trabalhadores. O objetivo é garantir que todos os trabalhadores recebam integralmente suas verbas rescisórias. Entidades sindicais também têm reunião agendada com a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, e com o ministro das Comunicações, Frederico de Siqueira Filho, para envolver os entes políticos e jurídicos na garantia dos direitos dos trabalhadores.

A V.tal informou que depositou em juízo os valores devidos à Serede para garantir o pagamento das obrigações trabalhistas. A Serede, por sua vez, não se manifestou até o momento.

Via InfoMoney

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.