A China tem intensificado seus investimentos em infraestrutura no Brasil, atuando em portos, logística, transporte e energia. Empresas estatais como Cofco, CMPorts, CRRC e State Grid controlam importantes terminais, malhas ferroviárias e redes de distribuição.
A Cofco destaca-se como uma das maiores traders de grãos, operando terminais no Porto de Santos e investindo em locomotivas e vagões para ampliar sua eficiência logística. Paralelamente, a CMPorts expande terminais de contêineres e participa da gestão de terminais de petróleo, fortalecendo a presença chinesa.
Além do setor portuário, a CRRC investe na fabricação de trens para o Metrô de São Paulo e no Trem Intercidades SP-Campinas, enquanto a State Grid detém parte da distribuição de energia elétrica no país. Essa rede integrada amplia a influência chinesa na infraestrutura nacional.
A China, um dos maiores compradores de soja brasileira, atua também como exportador através de traders agrícolas. A Cofco, estatal chinesa, é a segunda maior trader de grãos mundial, atrás apenas da americana Cargill. Quase 80% da soja exportada pelo Brasil tem como destino a China, com a Cofco respondendo por 9% desse volume em 2024, totalizando 6,65 milhões de toneladas.
Além da soja, a Cofco se destaca como a maior exportadora de produtos agrícolas do Brasil, incluindo milho e açúcar, alcançando 17 milhões de toneladas no ano passado. A empresa opera dois terminais no Porto de Santos e inaugurou parcialmente seu terceiro, o TEC (Terminal Exportador Cofco), também conhecido como STS11, o maior terminal da Cofco fora da China, com capacidade para 14 milhões de toneladas por ano.
A estratégia da Cofco envolve a verticalização da logística, com a compra de 23 locomotivas e 979 vagões por R$ 1,2 bilhão. A partir de 2026, esses trens transportarão 4 milhões de toneladas de grãos e açúcar anualmente das regiões produtoras até o Porto de Santos, demonstrando um esforço para controlar o ecossistema de exportação.
O setor de terminais portuários se divide em terminais de granéis, como o STS11, e terminais de contêineres. Cerca de 11% dos 14 milhões de contêineres movimentados no Brasil passam pelo Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP).
Desde 2018, o TCP integra o portfólio da China Merchants Port Holdings (CMPorts), a maior operadora de contêineres da China. A CMPorts, que ocupa a terceira posição no Brasil em volume de contêineres, planeja investir R$ 1,5 bilhão na expansão do terminal, consolidando ainda mais sua presença no país.
Além dos investimentos em portos e logística, os Investimentos da China se estendem ao setor de infraestrutura. A CMPorts adquiriu 70% do terminal de petróleo do Porto do Açu, no Rio de Janeiro, que responde por 30% das exportações brasileiras de petróleo. Essa aquisição aguarda aprovação dos órgãos reguladores.
Outro importante investimento chinês é o Trem Intercidades, que ligará São Paulo a Campinas. A CRRC, maior fabricante de trens do mundo, detém 40% do projeto, que prevê R$ 14 bilhões em investimentos e tem inauguração prevista para 2031.
A CRRC também venceu uma concorrência para fabricar 44 trens para o Metrô de São Paulo, totalizando R$ 3,1 bilhões em contrato. Para isso, a empresa opera uma fábrica em Araraquara, onde serão produzidos os trens do Intercidades, evidenciando a expansão da atuação chinesa no setor de transportes.
A State Grid, estatal chinesa, controla a CPFL, responsável por 15% da distribuição de energia no Brasil. A China Three Gorges (CTG) cuida de 3,5% da geração brasileira. Essas empresas adquirem painéis solares da China, que domina 80% da produção global, demonstrando a influência chinesa em diversos setores estratégicos.
A expansão dos Investimentos da China no Brasil segue a lógica de criar um ecossistema de empresas interligadas, impulsionando a receita do governo chinês. Essa estratégia abrange desde a produção e exportação de commodities até a infraestrutura de transporte e energia, consolidando a presença chinesa na economia brasileira.
Via InvestNews