Prévia do PIB indica desaceleração da economia influenciada pela alta da Selic e fim dos estímulos

IBC-Br de setembro revela desaceleração econômica com impacto da Selic alta e menor estímulo à demanda.
17/11/2025 às 11:51 | Atualizado há 4 horas
               
Prévia do PIB
IBC-Br cai 0,24% em julho e registra queda de 0,9% no terceiro trimestre de 2025. (Imagem/Reprodução: Infomoney)

O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), conhecido como prévia do PIB, apresentou queda de 0,24% em setembro, indicando uma desaceleração generalizada da economia. Setores como indústria, impostos e serviços sofreram recuos, enquanto o agronegócio teve crescimento após seis meses consecutivos de queda.

A taxa Selic elevada, atualmente em 15%, aumentou o custo do crédito e contribuiu para a moderação da atividade econômica. O setor de serviços apresenta perda de fôlego, influenciado pela redução dos estímulos fiscais e pelo alto endividamento das famílias.

Especialistas projetam que a economia mostrará sinais mais claros de desaceleração no último trimestre do ano, apesar do suporte temporário das transferências fiscais e programas de crédito. A estimativa para o crescimento do PIB em 2025 permanece em torno de 2%, refletindo um cenário de crescimento mais moderado.
O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), conhecido como Prévia do PIB, apresentou uma variação de -0,24% em setembro, um resultado alinhado com as expectativas do mercado. Este dado, divulgado recentemente, indica uma desaceleração generalizada na economia, com quedas notáveis nos setores da indústria, impostos e serviços, embora o agronegócio tenha conseguido compensar parcialmente essas perdas.

O IBC-Br é frequentemente utilizado como um indicador antecedente do Produto Interno Bruto (PIB). Leonardo Costa, da ASA, ressalta que os números atuais sugerem um crescimento mais moderado, com uma perda de ímpeto em áreas cruciais da economia, influenciada diretamente pela política monetária vigente.

Para Ariane Benedito, economista-chefe do PicPay, o índice aponta para uma retomada da moderação econômica no final do terceiro trimestre, sem consolidar a recuperação vista no mês anterior.

Rodolfo Margato, economista da XP, destaca que, em comparação com setembro de 2024, o índice apresentou um aumento de 2%, um resultado também em linha com as projeções do mercado. A XP havia previsto um aumento de 2,1%, enquanto o consenso do mercado estava em 1,9%. Segundo o economista, este dado não deve ter um impacto significativo no mercado ou na construção de cenários de curto prazo.

Margato também adverte que a principal preocupação reside na análise dos dados trimestrais e desagregados. O índice geral do IBC-Br registrou uma contração de -0,9% no terceiro trimestre de 2025, em comparação com o segundo trimestre.

A retração no mês foi influenciada pela queda na atividade da indústria (-0,7%), nos impostos (-0,65%) e nos serviços (-0,1%). O único resultado positivo foi registrado pela agropecuária, com um aumento de 1,5% após seis quedas consecutivas, conforme apontado pelo Goldman Sachs.

Rafael Perez, economista da Suno Research, explica que o desempenho positivo do agronegócio reflete o início da safra de verão. Ele também observa que a indústria está sentindo o impacto da política monetária restritiva, que mantém a taxa básica de juros em 15%, elevando o custo do crédito, além da diminuição da demanda interna e das incertezas no cenário externo.

O setor de serviços, por sua vez, mostra sinais de acomodação no crescimento, indicando uma perda de fôlego no consumo, devido à dissipação dos efeitos dos precatórios em julho e ao alto nível de endividamento das famílias.

Segundo Perez, a tendência é que a atividade econômica mostre sinais mais claros de arrefecimento, um movimento que deve se intensificar no último trimestre do ano, à medida que setores antes resilientes, como serviços, também perdem tração.

Em comparação com o desempenho da atividade econômica no ano anterior, o índice permanece praticamente estável em relação a setembro de 2024, reforçando a percepção de que o nível de atividade está lateralizado, de acordo com Benedito. A volatilidade recente do indicador, com quedas em julho, alta em agosto e nova retração em setembro, sugere que o crescimento perdeu consistência ao longo do trimestre.

A situação é compatível com condições financeiras ainda restritivas e com a normalização gradual da demanda após o pico observado no início do ano.

O Goldman Sachs projeta que a atividade econômica real continue a se beneficiar das transferências fiscais federais para famílias de baixa renda, que possuem uma alta propensão a gastar, e da expansão da renda disponível real das famílias, tanto do trabalho quanto de outras fontes.

Adicionalmente, o novo programa de empréstimos garantidos por folha de pagamento e o próximo aumento no limite de isenção do imposto de renda pessoal devem impulsionar a atividade, enquanto as condições monetárias e financeiras domésticas restritivas, os altos níveis de endividamento das famílias e os baixos níveis de ociosidade econômica devem exercer pressão contrária.

A XP ressalta que o indicador não afeta diretamente as projeções para o PIB, estimando um ligeiro aumento de 0,2% para o PIB total no terceiro trimestre em relação ao segundo trimestre, com ajuste sazonal. Em comparação com o terceiro trimestre de 2024, a estimativa é de um crescimento de 1,6%, um valor superior ao que o IBC-Br sugere, que é de 1,1% no mesmo comparativo, segundo Margato. A projeção para o PIB total de 2025 é mantida em 2,1%.

Para a ASA, o terceiro trimestre deve fechar com uma variação de 0,2% sobre o segundo trimestre, um ritmo que reflete a desaceleração da economia, avalia Costa.

O PicPay mantém sua projeção de crescimento do PIB para 2025 em 2,2%, sem alterações com base nos resultados do Prévia do PIB.

O cenário econômico permanece em constante avaliação, com projeções e análises de diversos setores buscando fornecer uma visão abrangente do desempenho e das tendências da economia brasileira.

Via InfoMoney

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.