Trump recua e suspende tarifas sobre café, bananas e outros alimentos nos EUA

Trump revoga tarifas sobre café, bananas e mais 100 alimentos para conter alta de preços nos EUA. Veja detalhes e consequências da medida.
18/11/2025 às 06:02 | Atualizado há 5 dias
               
Tarifas sobre café
Reversão revela pressão política contra o trumpismo que aumentou o preço da comida. (Imagem/Reprodução: Forbes)

Em abril de 2025, o presidente Donald Trump implementou tarifas sobre alimentos importados para proteger a produção nacional nos Estados Unidos, incluindo café e bananas. Com a alta acentuada nos preços desses produtos, o governo americano decidiu suspender as tarifas para controlar o custo ao consumidor.

A isenção abrange mais de cem itens, como café, cacau, frutas tropicais e especiarias. Apesar da tentativa de fomentar a produção interna, muitos desses alimentos não são cultivados em escala relevante no país, o que prejudica a eficácia das tarifas.

A decisão causou debates judiciais sobre a autoridade presidencial para impor tarifas, levando o caso à Suprema Corte. A medida busca equilibrar a proteção econômica com a necessidade do consumidor, diante de pressões políticas e aumento do custo de vida.
O presidente Donald J. Trump, em abril de 2025, implementou tarifas sobre a importação de alimentos com o objetivo de fortalecer a autossuficiência dos Estados Unidos, medida que foi chamada de “Dia da Libertação”. No entanto, o governo americano voltou atrás, suspendendo as tarifas sobre café, bananas e outros produtos agrícolas que não são cultivados em larga escala no país.

A decisão de Trump de suspender as tarifas sobre café e outros alimentos ocorreu após a imposição de tarifas sobre as importações, o que gerou preocupações sobre o aumento dos preços. Em setembro, os preços do café já haviam registrado um aumento de mais de 40% em comparação com o ano anterior, enquanto as bananas subiram quase 9%.

Para tentar controlar os preços, a Casa Branca divulgou uma lista de mais de 100 produtos que não seriam mais afetados pelas tarifas. Entre os itens isentos estão café, cacau, chá preto e verde, favas de baunilha, frutas tropicais (como bananas e laranjas), especiarias (gengibre, canela e noz-moscada), carne bovina e castanhas.

As tarifas são impostos sobre importações, geralmente aplicados para aumentar a arrecadação ou proteger certos setores da concorrência, elevando o custo de produtos estrangeiros. A expectativa é que isso leve à diminuição das importações e ao aumento do consumo de produtos nacionais, desde que estes sejam produzidos internamente.

Economistas apontam que as tarifas podem ser eficazes em algumas áreas, como na indústria automobilística, incentivando a produção local. Contudo, em relação a produtos como café e bananas, que não podem ser facilmente cultivados nos Estados Unidos, as tarifas mostram-se menos eficazes.

Os Estados Unidos consomem muito café e bananas, mas a produção interna é mínima. As importações de café do Brasil e do Vietnã, grandes produtores, enfrentavam tarifas de até 50%, assim como as bananas da América Central e do Sul.

O café necessita de condições climáticas específicas para crescer, como um ambiente tropical moderado com solos ricos, alta umidade e poucos problemas com pragas. Essas condições são encontradas no chamado Cinturão do Café, que inclui países como Brasil, Colômbia, Etiópia e México. O Brasil é o maior produtor de café, responsável por cerca de um terço da produção mundial.

Apenas o Havaí, nos Estados Unidos, está dentro desse cinturão, sendo o único estado americano a cultivar café em escala relevante, embora sua produção represente menos de 1% do total mundial. Portanto, os Estados Unidos não conseguem produzir café suficiente para atender à demanda interna.

As tarifas, que afetam uma variedade de produtos além de café e bananas, têm sido alvo de disputas judiciais. Em agosto, um tribunal federal de apelações em Washington decidiu que Trump excedeu sua autoridade ao usar a International Emergency Economic Powers Act (IEEPA) para impor as tarifas.

O tribunal argumentou que o poder de tributar, incluindo a imposição de tarifas, é do Congresso. Trump discordou e recorreu à Suprema Corte, que ouviu os argumentos no início do mês. A IEEPA permite ao presidente lidar com ameaças à segurança nacional ou à economia dos EUA, incluindo a regulamentação de importações e exportações.

Mesmo com a redução das tarifas, Trump continua a defender sua importância como fonte de receita. Ele sugeriu enviar um “dividendo” de tarifa de US$ 2.000 por pessoa para distribuir a riqueza. A secretária do Tesouro, Bessent, mencionou que essa medida poderia vir na forma de cortes de impostos e necessitaria da aprovação do Congresso.

Esses cheques visam aliviar a preocupação dos eleitores com o custo de vida. Eleitores democratas em Nova York, Nova Jersey e Virgínia expressaram preocupação com a acessibilidade financeira. Apesar do governo afirmar que os preços caíram, o preço médio dos alimentos nos supermercados americanos em setembro estava 2,7% maior do que no ano anterior.

Apesar do recuo, a questão das tarifas sobre café e outros produtos alimentícios permanece complexa, com implicações econômicas e políticas significativas. As decisões de Trump refletem uma tentativa de equilibrar a proteção da produção nacional com a necessidade de controlar os preços ao consumidor, em um cenário de pressões políticas e judiciais.

Via Forbes Brasil

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.