Na COP30 realizada em Belém, um painel no AgriZone trouxe à tona o debate sobre o que ocorreria em um mundo sem vacas. O curta-metragem “World Without Cows Brazil: The Battle for Balance” expõe a rotina dos pecuaristas amazônicos e a relação da pecuária com o clima e uso da terra.
Especialistas destacam que a produção bovina é essencial para a segurança alimentar e o sustento de milhões de famílias no mundo. No Brasil, 75% dos criadores de gado são pequenos e médios produtores, responsáveis por uma parcela significativa do rebanho nacional.
Além disso, dados indicam que é possível aumentar a produção sem ampliar o desmatamento, por meio de tecnologias e práticas sustentáveis. O debate reforça a importância da pecuária no contexto ambiental, econômico e cultural do país.
Em um painel na AgriZone, durante a COP30 em Belém, levantou-se uma questão crucial: o que aconteceria em um Mundo sem vacas? A discussão centralizou-se no curta-metragem “World Without Cows Brazil: The Battle for Balance”, um complemento ao documentário global da Alltech, que explora histórias de pecuaristas em 20 países. O filme retrata o cotidiano de produtores na Amazônia, abordando temas como produtividade, uso da terra e a intrincada relação entre pecuária e clima.
O diretor comercial da Alltech no Brasil, Clodys Menacho, destacou que o projeto visa promover um diálogo equilibrado sobre a pecuária. O objetivo é fornecer dados científicos, neutralizar a desinformação e destacar o papel do produtor, mostrando sua conexão com a segurança alimentar, o emprego e a cultura local.
Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o rebanho global é de aproximadamente 1,5 bilhão de bovinos. A produção pecuária emprega cerca de 1,3 bilhão de pessoas e é uma fonte de renda essencial para 600 milhões de famílias em situação de pobreza.
Em entrevista exclusiva à Forbes Agro, Mark Lyons, CEO global da Alltech, mencionou que o documentário surgiu da necessidade de usar fatos, ciência e histórias reais para combater narrativas negativas sobre a pecuária. A equipe visitou mais de 40 localidades em diversos países, incluindo o Brasil, para examinar o impacto do gado nas mudanças climáticas e suas consequências econômicas e sociais.
No painel da AgriZone, a pesquisadora Mariana Aragão, da Embrapa Gado de Corte, ressaltou a rigorosidade do Código Florestal brasileiro, que exige que as propriedades reservem de 20% a 80% de suas áreas como Reserva Legal. Apesar disso, a área de pastagens no Brasil permanece estável, enquanto a produção de carne continua a crescer. Esse avanço é resultado de investimentos em tecnologia, manejo e pesquisa.
Os dados apresentados revelam que metade dos 5 milhões de produtores rurais brasileiros criam bovinos, sendo 75% deles pequenos e médios produtores, responsáveis por 30% do rebanho nacional. O Brasil, com o segundo maior rebanho do mundo, está no centro do debate sobre emissões, uso da terra e oferta de proteína animal.
Mark Lyons observou que o Brasil desempenhará um papel fundamental nessa transformação, graças à dimensão de seu rebanho e à combinação de tecnologia, produtividade e legislação ambiental. A Alltech planeja expandir seus projetos no país, considerando o mercado brasileiro uma prioridade para os próximos anos.
Estima-se que 40 milhões de hectares de pastagens degradadas possam ser recuperados, aumentando a produção sem desmatamento e promovendo o sequestro de carbono no solo. Há potencial para dobrar as áreas de grãos, pecuária e florestas plantadas por meio da intensificação e de sistemas integrados, sem a necessidade de derrubar novas árvores.
A frase “um Mundo sem vacas” funciona como um catalisador para uma reflexão abrangente sobre os impactos econômicos, culturais, nutricionais e climáticos da pecuária. A mensagem central é que a atividade vai além da produção de carne e leite, integrando identidades locais e, se praticada de forma sustentável, pode contribuir para a redução de emissões.
Altair Burlamaqui, pecuarista de Belém, compartilhou como a adoção de boas práticas e o uso de tecnologia na produção amazônica conciliam viabilidade econômica e conservação da vegetação nativa. Lily Tanui, da Federação Nacional dos Agricultores do Quênia, enfatizou a importância da pecuária queniana como atividade multifuncional, defendendo investimentos em produção sustentável e na comunicação das histórias dos produtores.
Tanui também mencionou que as decisões técnicas e políticas públicas frequentemente carecem da compreensão dos agricultores, tornando essencial a inclusão dos produtores no desenvolvimento de soluções para uma pecuária de baixo carbono.
Via Forbes Brasil