Pesquisadores da Universidade da Califórnia produziram xantomatina, o pigmento de camuflagem dos polvos, em volumes muito maiores. Usaram bactérias geneticamente modificadas com deficiência nutricional, que geram de 1 a 5 gramas por litro.
A substância também protege contra UV em insetos e tem aplicações em filtros solares, revestimentos e eletrônicos. O estudo saiu na Nature Biotechnology e pode impulsionar produção de compostos marinhos sem explorar animais.
Pesquisadores da Universidade da Califórnia, nos EUA, conseguiram produzir o pigmento do polvo, conhecido como xantomatina, em volumes bem maiores. Usaram bactérias geneticamente modificadas para isso.
A xantomatina permite que polvos e lulas mudem de cor para camuflagem. Ela também aparece nos olhos de insetos, ajudando na proteção contra UV. Antes, extraí-la de animais ou sintetizá-la quimicamente rendia só cerca de 5 miligramas por litro. Agora, o método gera de 1 a 5 gramas por litro.
O truque está em bactérias com uma deficiência nutricional. Elas produzem a xantomatina junto com a substância que precisam para crescer e sobreviver. Isso torna o processo eficiente, ligando a síntese ao metabolismo básico da célula.
O estudo saiu na Nature Biotechnology. Renato Crespo, professor de biologia marinha da UFF, destaca que a técnica pode ajudar a fabricar outras substâncias marinhas em escala, sem sobrecarregar animais.
A xantomatina tem potencial em filtros solares, revestimentos térmicos, corantes e eletrônicos. Um exemplo é um relógio que muda de amarelo para vermelho com sol intenso, conforme pesquisa de 2022 na ACS Sensors.
Ainda há desafios, como pureza em larga escala e estabilidade das bactérias. Testes futuros vão definir se vira produção industrial. Fique de olho em avanços nessa bioengenharia.
Via Folha de S.Paulo