Pressão para publicar impulsiona aumento nas retratações de artigos científicos, dizem especialistas

Especialistas apontam que pressão para publicar eleva retratações de artigos científicos e prejudica a integridade da pesquisa.
30/12/2025 às 06:33 | Atualizado há 20 horas
               
Em 2024, 5.881 trabalhos foram retratados, revela plataforma Retraction Watch. (Imagem/Reprodução: Redir)

Em 2024, houve 5.881 retratações de artigos científicos, segundo dados da Retraction Watch. Especialistas associam esse crescimento à pressão por publicar em grande volume, o que pode desencadear práticas inadequadas na pesquisa.

A pressão para publicar afeta pesquisadores e instituições, valorizando quantidade em detrimento da qualidade. Segundo o professor Fábio Kon, a pressa em publicar pode comprometer a análise rigorosa dos trabalhos, especialmente em revistas que oferecem publicações rápidas.

O aumento no número total de artigos publicados, quase 3 milhões em 2024, também contribui para mais retratações. Esse cenário evidencia a necessidade de reforçar mecanismos de controle, preservando a integridade da ciência e evitando práticas que a comprometem.

Em 2024, foram 5.881 retratações de artigos científicos, conforme dados da plataforma Retraction Watch. Especialistas relacionam esse aumento à pressão para publicar em grande volume, que pode favorecer más práticas na pesquisa acadêmica. O biólogo brasileiro Guilherme Malafaia foi destaque ao ter 46 artigos retratados, todos pela revista Science of the Total Environment, da editora Elsevier, por suspeita de indicação de revisores fictícios, o que ele nega.

A pressão para publicar influencia tanto pesquisadores quanto instituições, especialmente em processos seletivos e concessão de bolsas, que valorizam quantidade acima da qualidade. Fábio Kon, professor da USP, alerta para a dificuldade de um parecer científico verdadeiro ser emitido em poucos dias, prática comum em revistas que prometem publicação rápida, conhecidas como paper mill journals.

Segundo dados, o número total de artigos publicados cresceu, chegando a quase 3 milhões em 2024, levando também ao aumento de retratações. Embora apenas cerca de 0,2% dos estudos sejam retratados, Ivan Oransky, cofundador do Retraction Watch, acredita que o índice seria idealmente mais alto para refletir a real magnitude da má conduta científica.

O caso evidencia a necessidade de fortalecer os mecanismos de controle e evitar um sistema que prioriza a quantidade de publicações, incentivando práticas que comprometem a integridade científica. A base de dados do Retraction Watch, lançada em 2018, contribui para analisar e monitorar essa realidade, promovendo maior transparência.

Via Folha de S.Paulo

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.