Especialistas alertam que o agronegócio brasileiro é naturalmente volátil e desafia o mercado financeiro

Marcos Jank e Vitor Duarte explicam por que o agronegócio é uma montanha-russa e os desafios para o mercado financeiro brasileiro.
30/12/2025 às 15:15 | Atualizado há 13 horas
               
Episódio debate força do agronegócio brasileiro e sua conexão com a Faria Lima. (Imagem/Reprodução: Moneytimes)

O agronegócio brasileiro, apesar de sua força global, enfrenta desafios de alta volatilidade que ainda são pouco compreendidos pelo mercado financeiro. Marcos Jank, do Insper, e Vitor Duarte, da Suno Asset, destacam que o setor é marcado por altos e baixos constantes, exigindo uma visão realista sobre sua natureza.

Além da volatilidade, o setor lida com baixa transparência e precária governança, complicando o valuation das empresas, especialmente em relação ao preço da terra. A dinâmica de crédito também mudou com a entrada do mercado de capitais, aumentando a exposição dos investidores individuais.

Essa transformação requer um novo diálogo entre agro e mercado financeiro, já que as dificuldades do setor impactam diretamente investidores que não toleram riscos elevados. Reconhecer essas características é fundamental para o equilíbrio e crescimento sustentável do agronegócio no Brasil.

O episódio 302 do Market Makers discutiu a potência global do agronegócio brasileiro e sua relação com a Faria Lima. Marcos Jank, professor do Insper, e Vitor Duarte, CIO da Suno Asset, apontam que o mercado financeiro ainda desconhece a volatilidade natural desse setor. Segundo Jank, o agronegócio é uma “montanha-russa”, com momentos altos e baixos, e é essencial reconhecer essa característica estrutural.

Jank destaca também desafios como baixa transparência, governança precária e operações na pessoa física com controle via livro-caixa. O valuation das empresas, especialmente o preço da terra, é outro ponto complexo.

Em 2022, diante de margens elevadas, a Faria Lima liberou crédito principalmente para o topo da cadeia produtiva, onde estão cerca de 100 mil produtores responsáveis por 90% da produção, embora muitos já estivessem alavancados. Duarte alerta que essa região da pirâmide tem produtores variados, arrojados e conservadores, e recebeu crédito mesmo com acesso a Banco do Brasil, Plano Safra e operações de barter.

A volatilidade do setor está ligada a custos, clima e preço das commodities, um cenário que o mercado financeiro precisa compreender melhor para equilibrar as relações. A entrada do mercado de capitais, com fundos como Fiagros e CRAs, modificou a dinâmica de crédito, gerando maior exposição a investidores individuais.

Essa mudança implica que, agora, o impacto das dificuldades no setor alcança diretamente a base de investidores, que rejeitam risco rapidamente, exigindo uma nova forma de diálogo entre agro e mercado financeiro.

Via Money Times

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.