Cracas em baleias-jubarte revelam características do fluxo de água no corpo dos cetáceos

Estudo revela como cracas indicam o fluxo de água nas baleias-jubarte e influenciam suas adaptações.
30/12/2025 às 19:02 | Atualizado há 10 horas
               
Estudo inédito revela como crustáceos se fixam nas baleias-jubarte ao longo de 24 anos. (Imagem/Reprodução: Super)

Pesquisas na USP mostram que as cracas fixadas nas baleias-jubarte indicam o movimento da água durante a natação desses animais. Foram analisadas 136 amostras de cracas de diferentes partes do corpo das jubartes ao longo de 24 anos.

Cracas próximas à cauda, região de maior turbulência, são menores e mais reforçadas. Já as das mandíbulas e nadadeiras têm formato maior e alongado, adaptado ao fluxo de água menos turbulento. Isso demonstra a influência da hidrodinâmica na morfologia desses crustáceos.

O estudo também aponta que não há diferença significativa entre cracas em machos e fêmeas, destacando que fatores ambientais, como o fluxo de água, moldam o desenvolvimento desses organismos marinhos fixos.

Pesquisas recentes no Instituto de Biociências da USP revelam que as cracas encontradas no corpo das baleias-jubarte podem indicar como o fluxo de água circula durante a natação desses cetáceos. O estudo analisou 136 amostras dessas criaturas marinhas fixadas em diferentes partes das jubartes encalhadas entre o sul da Bahia e o Rio Grande do Sul, durante 24 anos. A espécie em foco, a Coronula diadema, varia em forma e tamanho de acordo com a região do corpo onde está fixada.

Observou-se que as cracas na região próxima ao pedúnculo caudal, área de maior turbulência, são menores, mais robustas e com base larga, provavelmente uma adaptação para resistir à força do movimento da cauda. Já as encontradas nas mandíbulas, nadadeiras peitorais e ventre apresentam tamanho maior e formato mais alongado, beneficiados por um fluxo de água menos turbulento que facilita a nutrição desses crustáceos. Isso sugere que a hidrodinâmica do corpo das baleias influencia diretamente a morfologia das cracas.

Além disso, a pesquisa descartou diferenças significativas entre as cracas associadas a machos e fêmeas, indicando que o comportamento reprodutivo dos cetáceos não altera o formato desses epibiontes. As cracas, que são hermafroditas, têm seu desenvolvimento moldado principalmente por fatores ambientais, como o fluxo de água e a alimentação.

Esse trabalho reforça a importância de estudos integrados em biologia para entender as interações complexas entre organismos marinhos e seu ambiente, especialmente no que diz respeito às condições hidrodinâmicas que afetam a vida desses crustáceos fixos. O artigo completo está disponível na revista Evolutionary Ecology.

Via Super

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