As denúncias contra Rosângela da Silva, conhecida como Janja, relacionadas aos gastos de Janja em viagens internacionais, foram arquivadas pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet. As representações, feitas pela oposição, questionavam os custos das viagens da primeira-dama, pedindo uma investigação detalhada. A decisão foi divulgada pela *Folha de S. Paulo* e confirmada pelo *Estadão*.
Gonet justificou sua decisão, afirmando que as denúncias não apresentavam indícios de desvio de recursos públicos. Para ele, tratavam-se apenas de discordâncias em relação aos custos de atividades que foram devidamente tornadas públicas. Ele ressaltou que não havia, portanto, nenhuma questão de legalidade que justificasse a intervenção do Ministério Público.
O procurador-geral também defendeu a participação de Janja em eventos oficiais, argumentando que o presidente da República tem a prerrogativa de delegar esse tipo de compromisso à sua cônjuge, especialmente quando isso pode trazer melhores resultados diplomáticos. Ele mencionou o exemplo de Darcy Vargas, esposa do ex-presidente Getúlio Vargas, destacando o papel social desempenhado pelas primeiras-damas ao longo da história do Brasil e em outros países.
Parlamentares da oposição haviam acionado a Controladoria-Geral da União (CGU) e o Tribunal de Contas da União (TCU) para investigar as viagens internacionais de Janja, questionando o uso de passagens na classe executiva. Em fevereiro, por exemplo, a primeira-dama viajou a Roma, na Itália, para participar de eventos do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida) e se encontrar com o Papa Francisco, com um custo de R$ 34,1 mil em passagens aéreas.
Janja tem sido frequentemente criticada por representar o Brasil em viagens internacionais sem ocupar um cargo formal no governo, utilizando estrutura e recursos públicos. O chamado “gabinete informal” da primeira-dama, composto por pelo menos 12 integrantes, já teria consumido cerca de R$ 1,2 milhão em viagens desde o início do terceiro mandato de Lula.
Em resposta às críticas, Janja adotou uma postura mais transparente, divulgando seus compromissos nas redes sociais. Ela também cancelou uma viagem a Nova York, onde representaria o Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU). Essas mudanças de comportamento refletem a pressão sobre a primeira-dama e sua equipe.
A decisão de arquivar as denúncias pode reacender o debate sobre o papel e os gastos de Janja em viagens. O assunto deve continuar gerando discussões e análises sobre a utilização de recursos públicos em atividades da primeira-dama.