Cultura dos macacos-pregos: descobertas fascinantes sobre seu comportamento natural

Cultura dos macacos-pregos: explore a fascinante inteligência e uso de ferramentas desses primatas. Descobertas e comportamentos surpreendentes!
17/03/2025 às 14:34 | Atualizado há 3 meses
Cultura dos macacos-pregos
Descobertas recentes mostram habilidades surpreendentes em certos animais. (Imagem/Reprodução: Super)

A descoberta de lascas de pedra, antes associadas exclusivamente à presença humana, ganhou uma nova dimensão com a identificação dos macacos-prego como produtores dessas “lasquinhas” há milênios. Essa revelação desafia os arqueólogos na Serra da Capivara, Piauí, e em outros sítios, ao questionar a autoria das ferramentas de pedra. Mas, longe de diminuir a importância desses primatas, essa capacidade revela a versatilidade tecnológica e comportamental da Cultura dos macacos-pregos.

Os cientistas têm documentado a inteligência e adaptabilidade dos macacos-prego, destacando o uso de ferramentas naturais para explorar o ambiente, obter alimentos e até em rituais de acasalamento. Essas habilidades são transmitidas culturalmente, variando entre populações e evoluindo ao longo do tempo, tornando esses animais modelos valiosos para entender a evolução da inteligência e cultura.

A prática de “martelo e bigorna”, observada inicialmente em macacos-prego em semiliberdade no Parque Ecológico do Tietê, revelou uma combinação de duas ferramentas para quebrar coquinhos. Essa atividade complexa exige compreensão das propriedades físicas dos materiais e a ordem correta de uso. A confirmação dessa prática em populações naturais, como na Serra da Capivara e Gilbués, no Piauí, demonstra a capacidade de ajustar o tamanho da pedra e o esforço conforme o alimento.

Em Ubajara, Ceará, macacos-prego combinam pedras e gravetos para capturar aranhas, demonstrando o uso de ferramentas complementares. Henrique Rufo, da USP, descobriu uma tradição culinária em que macacos removem o trato digestivo de gafanhotos para eliminar o sabor tóxico, um comportamento aprendido e culturalmente transmitido. No acasalamento, fêmeas arremessam pedrinhas nos machos para chamar a atenção.

O uso de ferramentas aumenta a disponibilidade de nutrientes, com macacos consumindo 50% mais calorias nos dias em que quebram coquinhos com pedras. Dados arqueológicos indicam variações no tamanho das pedras usadas ao longo de milênios, sugerindo mudanças na disponibilidade de frutos ou “modas” dentro dos grupos.

Existem cerca de 140 tipos de macacos no Brasil, com 20% da diversidade mundial de primatas. Henrique Rufo destaca que primatas de florestas tropicais fechadas não têm o mesmo interesse em ferramentas que os macacos-prego do cerrado e da caatinga. A falta de alimentos nutritivos e frutos com cascas duras nesses ambientes levou os macacos a buscar alternativas de sustento no solo.

Há 4 milhões de anos, primatas como o Australopithecus afarensis também se aventuravam em ambientes abertos, usando ferramentas e diversificando a dieta. Pequenas vantagens iniciais, como o tamanho do cérebro e a dieta onívora, podem ter impulsionado a inteligência e flexibilidade dos macacos-prego. Apesar de não estarem “entrando na Idade da Pedra”, os macacos-prego oferecem vislumbres de padrões gerais na evolução da inteligência e cultura.

Via Superinteressante

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.