A guerra comercial entre Estados Unidos e China tem gerado um cenário de oportunidades para o agronegócio brasileiro, em especial para o setor de carnes. Com a imposição de tarifas e retaliações mútuas, o Brasil pode ampliar sua participação no mercado chinês, tradicionalmente disputado com os EUA em produtos como soja, milho, carne bovina, frango, suínos e algodão.
O Brasil tem se mostrado um fornecedor confiável e competitivo, especialmente no setor de carnes, onde a China já é um grande comprador. Os Estados Unidos, por outro lado, enfrentam desafios internos, como a crise no segmento de carne bovina, com o menor rebanho em mais de 70 anos, o que abre espaço para o Brasil aumentar ainda mais suas exportações.
Apesar da pausa temporária no aumento de tarifas entre as duas potências, o cenário de longo prazo indica que as tensões comerciais devem persistir. Marcos Jank, coordenador do centro Insper Agro Global, ressalta que o Brasil deve se manter cauteloso e focado em ser um provedor de alimentos confiável para todos os clientes, sem tomar partido na disputa.
O Brasil se destaca pela agilidade na resposta do produtor a bons preços, o que permite aproveitar as oportunidades geradas pela guerra comercial. No entanto, os juros altos no Brasil podem ser um obstáculo para o produtor rural, limitando o potencial de crescimento em um cenário de maior demanda internacional. A taxa Selic elevada dificulta o financiamento da produção agrícola, que tem ciclos longos e depende de armazenagem adequada.
O setor de carnes brasileiro tem potencial para se beneficiar da guerra comercial entre EUA e China, mas é preciso superar os desafios internos, como os juros altos, para aproveitar ao máximo as oportunidades. A cautela e o foco em ser um fornecedor confiável são estratégias importantes para garantir o sucesso no mercado internacional.
Via InfoMoney