EUA enfrentam risco estratégico ao depender de minerais raros da China para programa militar

Entenda como a dependência de minerais raros da China afeta o programa militar dos EUA e os riscos envolvidos.
18/04/2025 às 07:32 | Atualizado há 2 meses
Minerais raros da China
China responde a tarifas de Trump com restrições a minerais essenciais, impacto na segurança dos EUA. (Imagem/Reprodução: Infomoney)

A dependência dos Estados Unidos em minerais raros da China para a produção de equipamentos militares de alta tecnologia é um tema de crescente preocupação. Componentes essenciais de caças, mísseis e drones utilizam ímãs feitos com esses minerais, colocando a segurança nacional americana em uma posição delicada. A China, ao controlar a maior parte da cadeia de suprimentos desses materiais, tem o poder de influenciar a produção e os custos de armamentos cruciais.

A recente decisão da China de exigir licenças especiais para a exportação de seis metais pesados de terras raras e ímãs representa um alerta para os Estados Unidos. Essa medida, vista como uma resposta às tarifas impostas por Donald Trump, destaca a vulnerabilidade da indústria de defesa americana. Pequim pode intensificar ainda mais as restrições, impondo tarifas adicionais, cotas ou até mesmo um embargo total, o que teria um impacto significativo na capacidade de produção militar dos EUA.

Os minerais raros da China são indispensáveis para diversas tecnologias de defesa. O neodímio, o ítrio, o escândio e o disprósio, por exemplo, são utilizados em ímãs de alta potência presentes em caças, navios de guerra e mísseis. O ítrio também é crucial para revestimentos de motores a jato, garantindo que operem em altas temperaturas sem falhas. Um caça F-35, segundo o Departamento de Defesa, contém cerca de 400 quilos desses materiais, enquanto alguns submarinos podem precisar de mais de 4 toneladas.

A dominância chinesa na extração e refino dos minerais raros da China confere a Pequim um controle significativo sobre a cadeia de suprimentos global. Esse poder permite que a China influencie os custos de produção de armamentos dependentes desses minerais, afetando diretamente a base industrial de defesa dos Estados Unidos. O “desastre do ímã do F-35”, em 2022, quando as entregas do caça foram temporariamente suspensas devido ao uso de uma liga chinesa em um componente, ilustra bem essa vulnerabilidade.

Embora os Estados Unidos tenham sido um líder na produção de terras raras até a década de 1980, com a mina Mountain Pass na Califórnia, o fechamento dessa mina em 2002 consolidou o domínio chinês. A Mountain Pass, agora sob a propriedade da MP Materials e em operação novamente, não consegue competir com a escala da produção chinesa. A Associação de Indústrias Aeroespaciais tem alertado repetidamente sobre a necessidade de fortalecer a cadeia de suprimentos de minerais nos EUA para garantir o acesso da indústria.

A China já demonstrou sua capacidade de usar o controle sobre os minerais raros da China como ferramenta geopolítica. Em 2010, Pequim interrompeu o comércio desses materiais com o Japão após a detenção de um capitão de traineira chinês. Essa ação serviu de alerta para os Estados Unidos, evidenciando a ameaça representada pela dependência da China. Desde então, tanto o governo Trump quanto o governo Biden têm buscado aumentar a produção doméstica de terras raras, investindo em instalações de extração e refino.

O Pentágono tem aumentado suas reservas de minerais raros desde 2010, mas ainda há preocupações sobre a suficiência desses estoques. A história mostra que os Estados Unidos têm a capacidade de encontrar alternativas em tempos de crise, como durante a Segunda Guerra Mundial, quando encontraram fontes domésticas de bauxita para substituir as importações interrompidas por submarinos alemães. No entanto, a dependência atual dos minerais raros da China representa um desafio significativo para a segurança nacional americana.

Via InfoMoney

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.