A tradicional eleição interna do Partido dos Trabalhadores para definir sua liderança no Espírito Santo ganhou contornos de disputa pública. A Disputa PT Espírito Santo, que definirá os próximos quatro anos do partido, expôs tensões antes restritas aos bastidores, prometendo um cenário acirrado e mobilização intensa das diferentes correntes internas.
No último dia 19, o deputado estadual João Coser lançou sua candidatura à presidência do PT estadual, visando o pleito de 6 de julho, conhecido como Processo de Eleição Direta (PED 2025). Coser apresentou sua candidatura sob o lema “União pelo fortalecimento do PT no Espírito Santo”, contando com o apoio de diversas lideranças importantes do partido.
Entre os apoiadores de Coser, destacam-se a deputada Iriny Lopes, o deputado federal Helder Salomão, o senador Fabiano Contarato, os ex-deputados Roberto Carlos e Perly Cipriano, além dos vereadores Karla Coser, Açucena, Rafael Primo e Daniel Caldas. Essas figuras representam cinco correntes internas do PT, demonstrando uma ampla base de apoio à candidatura de Coser.
Uma ausência notável nesse grupo é a corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), liderada pela atual presidente do partido, Jackeline Rocha, e pelo secretário estadual de Esporte, José Carlos Nunes. O lançamento da candidatura de Coser surge como resposta à tentativa de reeleição de Jackeline, criando um cenário de competição intensa.
Jackeline Rocha, em comunicado anterior, expressou gratidão pela homologação de seu nome pela CNB para concorrer à reeleição. Em sua mensagem, Jackeline enfatizou o compromisso de construir um futuro novo para o partido, sinalizando uma possível divergência com a gestão anterior, liderada por Coser entre 2014 e 2018.
Antes do lançamento oficial das candidaturas, houve uma conversa entre Jackeline e Coser, onde o deputado tentou dissuadir Jackeline de concorrer. Ambos são aliados desde 2014, tendo se apoiado mutuamente em disputas internas anteriores.
Coser argumenta que o modelo partidário prevê alternância de poder a cada quatro anos. Ele alega ter apoiado Jackeline por seis anos, incluindo uma prorrogação de mandato, e propôs que ela agora “devolvesse” a presidência, alegando que uma permanência de dez anos não seria adequada.
Após a conversa com Coser, Jackeline teria se reunido com a CNB, decidindo seguir com a candidatura à reeleição. Diante dessa decisão, Coser buscou o apoio de outras correntes do PT, visando isolar Jackeline e apresentar uma alternativa à presidência do partido.
Coser firmou um acordo com Iriny Lopes, onde, caso eleito, Coser lideraria o partido por dois anos (2025-2026), passando a presidência para Iriny no biênio 2027-2028. Esse acordo se estenderia também a oito municípios, com divisão de poder nos diretórios e executivas.
Além da questão da alternância de poder, Coser critica a gestão atual do partido, alegando uma “paralisia” e falta de fortalecimento dos diretórios. Ele aponta que a Executiva pouco se reuniu e que a presidente não estaria conciliando bem suas funções de deputada federal com a presidência do partido.
Coser defende a necessidade de “algo novo” no partido, buscando uma maior aproximação com as bases e a retomada de reuniões presenciais e virtuais. Ele acredita que o partido perdeu energia e precisa se revitalizar para enfrentar os desafios futuros.
Com a eleição interna marcada para 6 de julho, a Disputa PT Espírito Santo promete ser acirrada. Coser já declarou que não buscará um acordo com Jackeline, afirmando que o grupo dela propôs um acordo inaceitável. A deputada federal Jack Rocha foi procurada para comentar a disputa, mas não se manifestou até o momento.
A disputa interna no PT do Espírito Santo, portanto, sinaliza um momento importante para a definição dos rumos do partido no estado. Resta aguardar os próximos capítulos dessa disputa e o resultado das eleições internas em julho.
