As ações da Hapvida recuaram 42% após a divulgação de um balanço trimestral que apresentou resultados abaixo do esperado, incluindo aumento da sinistralidade e geração de caixa negativa.
O desempenho da empresa decepcionou analistas, com crescimento de vidas abaixo do previsto e custos elevados pela operação de novos hospitais, o que prejudicou a confiança dos investidores.
Em resposta, a Hapvida iniciou recompra de ações e reforçou planos para ajustes internos, enquanto analistas revisam suas projeções para a companhia diante da instabilidade no negócio.
A **queda da ação** da Hapvida foi notável, registrando uma baixa de 42% após a divulgação de um relatório do terceiro trimestre que não atendeu às expectativas do mercado. Os números apresentados desencadearam revisões negativas por parte dos analistas, impactando a confiança na operadora de saúde. A empresa enfrentou desafios em diversas áreas, desde a sinistralidade até o crescimento de vidas e a geração de caixa.
A Hapvida surpreendeu o mercado negativamente em todas as áreas do balanço, o que fez com que as ações fossem negociadas a R$ 16,75, uma queda de 48,7% no dia. Houve aumento da sinistralidade, aumento das despesas, crescimento fraco de vidas e geração de caixa negativa, com a dívida crescendo mais de R$ 200 milhões.
O balanço da empresa também apresentou diversos one-offs (eventos não recorrentes), tanto positivos quanto negativos, que indicaram instabilidade no negócio. Considerando esses fatores, o impacto positivo no EBITDA foi de R$ 98 milhões. Ajustando por esses fatores, o EBITDA do trimestre foi de R$ 613 milhões, uma **queda da ação** de 20% ano contra ano e cerca de 27% abaixo do esperado. O lucro líquido de R$ 204 milhões também ficou 20% abaixo das expectativas.
A sinistralidade apresentou uma piora relevante, com a Hapvida reportando um cash MLR de 75,2% no trimestre, um aumento de 130 pontos base em relação ao trimestre anterior e de 140 pontos base em relação ao mesmo período do ano passado. O CEO Jorge Pinheiro atribuiu essa piora à entrada em operação de novos hospitais, que aumentaram os custos fixos sem o devido retorno em receita, e a uma sazonalidade desfavorável, com maior volume de atendimentos devido a casos de virose e um inverno prolongado.
O crescimento da Hapvida também ficou abaixo do esperado, com a adição de apenas 13 mil novas vidas, enquanto o mercado projetava mais de 30 mil. Além disso, o tíquete médio cresceu 6,1% ano contra ano, uma desaceleração em comparação com os 8,2% do trimestre anterior. O CEO afirmou que a empresa está trabalhando para ajustar incentivos, produtos e reforçar a gestão, buscando maior competitividade com sua rede própria ampliada para um 2026 mais favorável comercialmente.
Um gestor com uma pequena posição na companhia comentou que a **queda da ação** reflete o cansaço do mercado e a falta de confiança, mais do que os números em si. Segundo ele, o mercado “jogou a toalha” após dar à empresa o benefício da dúvida por vários trimestres, esperando as sinergias da integração. A impressão é que a Hapvida não está conseguindo operar no mercado do Sudeste e atingir um novo patamar de gestão adequado ao seu tamanho e às regiões em que atua.
A queda da ação também sugere um movimento de zeragem, já que muitos gestores tinham exposição à companhia, e o volume de negociação foi alto, com cerca de 115 milhões de ações trocando de mãos, representando 23% do capital da empresa. O CEO da Hapvida considerou a reação “exagerada” e informou que tanto a companhia quanto sua família estão aproveitando a oportunidade para comprar mais ações.
A Hapvida recomprou 20 milhões de ações (cerca de R$ 400 milhões) e abriu um novo programa para recomprar mais 50 milhões de ações. O resultado fraco levou analistas a revisar seus modelos para a Hapvida, reduzindo as projeções. O BTG Pactual, por exemplo, cortou sua projeção para o EBITDA do ano que vem em 20%, adotando uma postura mais conservadora em relação às margens futuras.
O Itaú BBA também indicou que os resultados devem levar a ajustes no modelo, mas ainda não modificou suas projeções. A companhia encerrou o dia com um valor de mercado de R$ 9,4 bilhões.
Via Brazil Journal