O Fim da Telesp, a antiga gigante da telefonia fixa e móvel em São Paulo, marca uma transição importante na história das telecomunicações brasileiras. Em um passado não tão distante, ter uma linha telefônica da Telesp era sinônimo de status e essencial para comunicação. Mas o que aconteceu com essa gigante após a privatização e como seus serviços evoluíram?
A Telesp, ou Telecomunicações de São Paulo, foi criada em 1973 e fazia parte do sistema Telebras, a estatal federal de telecomunicações. Assim como a Telerj no Rio de Janeiro e a Telemig em Minas Gerais, a Telesp era responsável pelos serviços de telefonia em seu estado. A empresa paulista cobria mais de 90% dos municípios, oferecendo telefonia fixa e outros serviços, incluindo os icônicos orelhões.
Nos anos 80 e 90, ter uma linha da Telesp era um símbolo de status, com um custo que podia ultrapassar R$ 5 mil, além de longas esperas. A linha permitia ligações locais, interurbanas e internacionais, além da chamada a cobrar. Para empresas, havia serviços como Discagem Direta a Ramal e linhas 0800. Os orelhões, operados com fichas e cartões, também eram parte essencial da infraestrutura da Telesp.
A Telesp também inovou ao oferecer um serviço de modem que transformava o telefone em uma central de dados, conectando o aparelho à TV. Essa tecnologia foi usada na estreia do Videotexto no Brasil, um precursor da internet no país. Em 1993, a Telesp Celular foi criada, marcando a entrada da empresa na telefonia móvel em São Paulo.
Operando com tecnologia analógica, a Telesp Celular rapidamente se expandiu, cobrindo 620 municípios. Entre 1997 e 1998, a empresa atingiu a marca de 1,1 milhão de assinantes em mais de 370 cidades, tornando-se a maior operadora de celular da América Latina.
Em 1998, a rede começou a ser modernizada para o sistema digital CDMA (IS-95). No ano seguinte, a Telesp Celular lançou o primeiro celular pré-pago do Brasil, o “Baby”, com R$ 100 de crédito e recargas de R$ 50 e R$ 100. Outra ação marcante foi o “Peg & Fale”, um plano recarregável. Em 2001, surgiu o “Peg & Fale Gol”, com celulares nas cores e escudos de times paulistas.
Para modernizar os serviços, o governo federal privatizou o Sistema Telebras na década de 90, vendendo as estatais de telefonia fixa, móvel e dados. As empresas foram divididas em 12 holdings. No leilão de 29 de julho de 1998, a Telebras arrecadou R$ 22,058 bilhões.
A Telesp foi a mais cara, arrematada pela espanhola Telefônica por R$ 5,783 bilhões. A Telefônica ficou com 56,6% das ações, liderando um consórcio com Portugal Telecom, Iberdrola Investimentos, Banco Bilbao Vizcaya e RBS Participações. A Telesp Celular também foi a mais valiosa na telefonia móvel, vendida sozinha para a Portugal Telecom por R$ 3,59 bilhões.
Após a privatização, a Telesp continuou com seu nome original até 2008, quando o Fim da Telesp aconteceu. Todas as lojas e pontos de venda passaram a usar o nome Telefônica. A Telesp Celular já havia se transformado em Vivo em 2003, após a união entre Portugal Telecom e Telefônica. Em 2012, o nome Telefônica foi substituído por Vivo.
Hoje, a marca Telesp não é mais utilizada pelo Grupo Telefônica no Brasil. Uma das últimas lembranças da antiga estatal é o “Fusca da Telesp”, restaurado por um ex-funcionário, que circula com a aparência original.
A trajetória da Telesp, desde sua criação como estatal até seu Fim da Telesp como marca, reflete as mudanças nas telecomunicações do Brasil. A empresa desempenhou um papel importante na expansão dos serviços de telefonia fixa e móvel em São Paulo, adaptando-se às novas tecnologias e demandas do mercado.
Via TecMundo