Um acordo recente entre o governo Trump e as empresas Nvidia e AMD desafia as práticas de comércio internacional. Esse entendimento exige que as empresas repassem uma parte significativa de suas vendas de chips para a China ao governo dos EUA. O impacto disso pode ser profundo em meio às tensões entre as duas potências no setor tecnológico.
Nvidia e AMD concordaram em destinar 15% de suas receitas obtidas com vendas na China ao governo americano. A medida levanta questões sobre sua legalidade, ao se assemelhar a um imposto sobre exportação, algo proibido pela Constituição dos EUA. Especialistas temem que essa prática possa se tornar um padrão perigoso, afetando a dinâmica global do comércio.
O acordo não só promete afetar as relações comerciais, mas também pode abrir precedentes para outras demandas do governo em diferentes setores. Enquanto isso, especialistas continuam a debater as consequências desse novo cenário, que adiciona complexidade às já complicadas interações entre os EUA e a China.
“`html
Um novo acordo envolvendo a receita de Nvidia e AMD está gerando debates acalorados entre especialistas em comércio internacional. A medida, que obriga as empresas a repassar uma porcentagem de suas vendas de chips para a China ao governo dos EUA, levanta questões sobre a legalidade e o impacto nas negociações comerciais globais. Este acordo ocorre em um momento de tensões elevadas entre os EUA e a China, especialmente no setor tecnológico.
Nvidia (BDR: NVDC34) e AMD (A1MD34) concordaram em destinar 15% da receita obtida com a venda de chips específicos para a China ao governo dos EUA. Os chips em questão, o H20 AI Accelerator da Nvidia e o MI308 da AMD, foram previamente banidos pela administração Trump e necessitam de licenças de exportação para serem comercializados.
Stephen Olson, ex-negociador comercial dos EUA e membro do ISEAS – Yusof Ishak Institute, expressou preocupação com o acordo. Ele afirmou que essa prática representa a monetização da política comercial americana, onde empresas precisam pagar para exportar, criando um precedente perigoso.
Desde seu retorno à Casa Branca, Donald Trump tem adotado medidas econômicas controversas. Além das tarifas e críticas ao Federal Reserve, ele utiliza sua plataforma no Truth Social para influenciar decisões corporativas. Essa abordagem já foi vista na aprovação da venda da United States Steel Corp. para a Nippon Steel Corp., que incluiu condições como adesão a regras de segurança nacional.
Deborah Elms, da Hinrich Foundation, sugere que os acordos com Nvidia e AMD podem abrir caminho para a Casa Branca mirar outros setores e produtos. Ela mencionou a possibilidade de acordos específicos por empresa ou país, onde a permissão para comercializar dependeria de pagamentos diretos ao governo.
Apesar da aceitação dos termos por Nvidia e AMD, questionamentos sobre a legalidade do acordo surgem. O arranjo se assemelha a um imposto sobre exportação, o que é proibido pela Constituição dos EUA. O governo Trump já enfrenta um processo relacionado ao uso da Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional para impor tarifas “recíprocas”.
Os chips são o centro da disputa entre EUA e China pelo domínio de indústrias como inteligência artificial e automação. O governo Biden restringiu a venda de chips avançados para a China, levando a Nvidia a criar o H20 para contornar essas barreiras. Em abril, autoridades de Trump endureceram os controles, proibindo a venda sem licença.
No mês passado, a Casa Branca permitiu que Nvidia e AMD retomassem as vendas de chips projetados para o mercado chinês, modelos menos avançados que os aceleradores de IA. O secretário de Comércio, Howard Lutnick, afirmou que a intenção era tornar os desenvolvedores chineses “viciados” em tecnologia americana.
A China reagiu negativamente, especialmente após os EUA exigirem tecnologia de rastreamento nos chips para reforçar os controles de exportação. A conta Yuyuantantian, ligada à CCTV, criticou as supostas falhas de segurança e a ineficiência do H20.
Ainda assim, empresas chinesas podem recorrer ao H20 devido à insuficiência da produção local, beneficiando Nvidia e AMD, além de gerar receita para o governo americano. A trégua comercial de 90 dias entre EUA e China, que expira em 12 de agosto, ainda não foi prorrogada.
Drew DeLong, da consultoria Kearney, observou uma mudança no governo para adotar uma postura de segurança nacional mais branda durante as negociações. Embora os EUA já tenham intervindo antes, um acordo como o fechado com Nvidia e AMD é incomum e pode levar a um “estado de capitalismo de compadrio”, segundo Scott Kennedy, do Center for Strategic and International Studies.
A medida que obriga a receita de Nvidia e AMD a ser compartilhada com o governo dos EUA está causando diversas reações. Há quem veja a medida como uma forma de proteger a indústria americana e garantir uma vantagem competitiva, enquanto outros temem que ela possa prejudicar as relações comerciais com a China e levar a retaliações.
Ainda é cedo para prever o impacto total desse acordo, mas uma coisa é certa: ele adiciona uma nova camada de complexidade ao já intrincado cenário do comércio internacional. Resta acompanhar de perto os próximos capítulos dessa história e ver como ela se desenrolará.
Via InfoMoney
“`