O advogado Tom Goodhead está em Londres para acompanhar de perto o Processo BHP Mariana, movido por seu escritório contra a mineradora anglo-australiana BHP. O caso se refere ao desastre de Mariana, em Minas Gerais, considerado a maior tragédia ambiental da história do Brasil. Goodhead ironiza a estratégia da defesa da BHP, descrevendo-a como um “nado sincronizado” devido à repetição de argumentos.
A BHP alega que não pode ser responsabilizada pelas ações da Samarco, sua joint-venture com a Vale. A empresa argumenta que não houve negligência no manejo da barragem de Fundão e que já existe um acordo de repactuação aprovado pelas autoridades brasileiras. A mineradora considera que uma possível derrota na Inglaterra representaria uma dupla punição.
A ação, que tramita desde outubro e utiliza o direito ambiental brasileiro como base, está em fase final de avaliação. Goodhead, CEO do escritório Pogust Goodhead, demonstra confiança e afirma que sua equipe está preparada para a próxima etapa. Caso a juíza aceite o pedido de responsabilização, será determinado quem tem direito à indenização e quais os valores a serem pagos. A decisão judicial é esperada para este ano, com possível continuação do processo em outubro de 2026.
Goodhead acredita que o Processo BHP Mariana no exterior acelerou o acordo no Brasil, garantindo a mais de 640 mil pessoas físicas e jurídicas, além de 31 prefeituras, melhores condições para buscar indenização em Londres. A ação coletiva oferece um montante maior para divisão (R$ 260 bilhões contra R$ 170 bilhões da repactuação), mas enfrenta desafios, como a situação de quem desistiu de um processo para aderir ao outro, para o qual ele admite: “Não há uma resposta boa para isso.”
Dos 49 municípios elegíveis, 26 aderiram à repactuação, e mais de 50 mil pessoas se cadastraram no Programa Indenizatório Definitivo (PID), que oferece R$ 35 mil sem necessidade de discussão. O departamento jurídico da BHP se surpreendeu com a adesão, que não era esperada devido ao período do Carnaval. A expectativa é que o **Processo BHP Mariana** traga luz a um dos maiores desastres ambientais do Brasil.