Agtechs globais recebem investimento de US$ 24,08 bilhões em 2024

Agtechs ao redor do mundo atraíram US$ 24,08 bilhões em investimentos em 2024, impulsionando inovações no setor agrícola.
02/05/2025 às 12:18 | Atualizado há 1 mês
Agtechs no mundo
Empresas inovadoras impulsionam decisões rápidas e sustentáveis no agronegócio. (Imagem/Reprodução: Forbes)

O setor de Agtechs no mundo tem demonstrado resiliência e potencial de crescimento, mesmo diante de desafios econômicos. No terceiro trimestre de 2024, os investimentos globais alcançaram US$ 1,6 bilhão, distribuídos em 159 negócios, representando um aumento de 15% em relação ao trimestre anterior. Este movimento indica uma crescente confiança no setor, apesar de algumas empresas enfrentarem dificuldades financeiras.

Apesar do aumento no valor total investido, o número de transações diminuiu 17,6% em comparação com o trimestre anterior, seguindo uma tendência observada desde 2022. Empresas como Benson Hill, FarmWise e Plenty Unlimited chegaram a pedir falência, evidenciando os desafios enfrentados pelas agtechs.

O mercado de AgTech continua em expansão, com uma avaliação de US$ 24,08 bilhões em 2024 e projeções de ultrapassar os US$ 40 bilhões até 2030. Investimentos de capital de risco estão se recuperando gradualmente, impulsionados por empresas e fundos de private equity focados em resultados escaláveis e crescimento regional.

A Paine Schwartz Partners, por exemplo, apoiou a expansão global do Costa Group, na Austrália. Outras empresas como Mitsubishi e Yamaha lançaram unidades de negócios voltadas para a agricultura, enquanto a Driscoll’s ampliou seus investimentos na produção de frutas vermelhas na América do Norte.

Segundo George Jessett, do Costa Group, a empresa tem expandido suas operações de cultivo de frutas vermelhas para países como Marrocos e China, e agora mira o Laos como próximo investimento estratégico, visando a exportação para outros países da Ásia. A Costa já estabeleceu 17 hectares de cultivo inicial no Laos e planeja expandir para 200 hectares até 2028, além de conduzir testes de cultivo de frutas vermelhas na Índia.

Enquanto o consumo global de alimentos aumenta, a produtividade agrícola enfrenta dificuldades para acompanhar o ritmo. Antonio Beltran, CEO da AgBelher, destaca que as AgTechs permitem aos produtores fazer mais com menos, utilizando automação e ferramentas de precisão. Investidores com critérios ESG estão apoiando inovações que reduzem o uso de água, emissões e desperdício de alimentos, com um sólido argumento para investimento de longo prazo.

A variabilidade climática, a volatilidade econômica e o aumento de custos tornam o planejamento da produção cada vez mais difícil para os produtores. Muitos agricultores e pesquisadores agrícolas nos EUA estão buscando diversificar suas culturas e adotar métodos mais sustentáveis, exigindo conhecimento sobre clima, solo e os efeitos de longo prazo do estresse ambiental.

Ainda não existe uma estrutura global padronizada para entender como as culturas se comportam em condições reais, o que dificulta a adaptação de estratégias e o planejamento para condições de mudança. A FAO relata dados sobre produtividade e uso da terra, mas não monitora fatores como estresse ambiental, uso da água ou pressão de pragas.

Jessett ressalta que os “vazios” existentes estão relacionados à agtech digital, que exige investimento para ser integrada e adaptada a requisitos específicos. Ele enfatiza a importância do acesso a dados em tempo real para tomar decisões proativas, o que pode fazer uma grande diferença na alocação de recursos, redução de desperdícios e melhoria da qualidade do produto.

Para Beltran, a prioridade deve ser tornar os dados mais utilizáveis para os produtores. Armando C. Llanes, da Agrícola Don Memo, afirma que a disponibilidade de dados confiáveis e imparciais é a base para que a IA seja uma ferramenta valiosa para o agronegócio, e que inovações que forneçam dados de campo sobre clima, condições de cultivo, produtividade e qualidade da colheita são inestimáveis.

Em 2020, a WayBeyond lançou o FarmRoad, um software de gestão agrícola projetado para ajudar os produtores a tomar melhores decisões. Darryn Keiller, CEO da WayBeyond, destaca que a empresa construiu um sistema para descoberta, transformando dados em algo que os produtores realmente possam usar, fornecendo insights em tempo real.

A Constellr, startup alemã de tecnologia espacial, utiliza dados de inteligência térmica para oferecer insights contínuos para produtores, planejadores urbanos e cientistas ambientais. Max Gulde, CEO da Constellr, explica que os dados térmicos oferecem uma base científica única e precisa, permitindo intervenções antecipadas e melhor previsão de produtividade.

A variabilidade climática está pressionando cada vez mais o desempenho das sementes, com padrões climáticos imprevisíveis dificultando o planejamento e impactando a produtividade. Os produtores estão recorrendo à tecnologia para estabilizar os resultados, e Gulde afirma que a inteligência térmica é a camada que faltava na resiliência climática, oferecendo aos produtores a capacidade de monitorar e responder ao estresse ambiental em tempo real.

Jessett conclui que a Costa sempre buscou adotar práticas agrícolas inovadoras e baseadas em tecnologia para lidar com os riscos e oportunidades trazidos pela variabilidade climática, e que a expansão da empresa para o Laos é uma extensão natural de todo esse desenvolvimento.

Via Forbes Brasil

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.