Arqueólogos descobrem tradição milenar de tatuagem na antiga Núbia

Estudo revela prática de tatuagem na Núbia antiga, com padrões datados desde 350 a.C. até a Idade Média.
21/12/2025 às 15:23 | Atualizado há 6 horas
               
Prática de preservação de pele comprovada em esqueletos desde 350 a.C. (Imagem/Reprodução: Redir)

Pesquisadores mapearam a prática de tatuagem na antiga Núbia, região próxima ao atual Sudão, desde 350 a.C. até a Idade Média. Fragmentos de pele encontrados em esqueletos preservados mostram desenhos geométricos típicos, indicando uma tradição que durou séculos.

As tatuagens foram encontradas principalmente em mulheres e crianças, com padrões como losangos e linhas pontilhadas, sugerindo significados religiosos, sociais e até medicinais. Essas marcas mudaram após a introdução do cristianismo, refletindo influências culturais na região.

O estudo, realizado por universidades dos EUA e Reino Unido, traz novas informações sobre os rituais corporais da Núbia antiga, destacando a tatuagem como parte importante do patrimônio histórico e multicultural da região.

Pesquisadores revelaram que a prática da tatuagem na antiga Núbia, região próxima ao atual Sudão, remonta pelo menos ao ano 350 a.C., estendendo-se até a Idade Média. Fragmentos de pele encontrados em esqueletos preservados devido ao clima seco do vale do rio Nilo permitiram identificar desenhos geométricos típicos, indicando uma tradição milenar.

As tatuagens mais antigas foram encontradas no sítio arqueológico de Semna Sul, aplicadas em mulheres de várias idades. Os padrões envolvem formas como losangos, pontinhos e linhas pontilhadas feitas com instrumentos pontiagudos, que deixaram pigmentos escuros na pele. As descobertas abrangem um período de mudanças significativas na região, como o domínio independente frente ao Egito e o Império Romano, além da fragmentação em três reinos cristãos durante a Idade Média.

Em Kulubnarti, ilha com cemitério cristão, tatuagens apareceram em pelo menos 17 indivíduos entre os séculos VII e X. As marcas costumavam surgir na testa, têmporas e bochechas, mas também nas costas e sob as sobrancelhas. Surpreendentemente, crianças, inclusive bebês, apresentavam marcas como parte da tradição local, o que indica que a tatuagem podia ter significados variados, possivelmente religiosos, sociais ou até medicinais.

Os padrões e a concentração das tatuagens mudaram após a adoção do cristianismo na região, sugerindo que essa conversão influenciou o costume. A semelhança com marcas de grupos cristãos do norte da África, como os coptas, apoia essa hipótese. Outra possível motivação seria o uso terapêutico, para aliviar febres ou dores.

Essa pesquisa, conduzida por especialistas das universidades de Missouri, Arizona e College London, traz novas informações sobre os rituais corpóreos na Núbia antiga, mostrando como a tatuagem é parte de um patrimônio multicultural e histórico.

Via Folha de S.Paulo

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