Ata do Copom traz sinais mistos e economistas apostam em corte de juros em janeiro

Ata do Copom divide opiniões, e alguns economistas veem chance de corte de juros em janeiro para estimular a economia.
11/11/2025 às 11:42 | Atualizado há 4 semanas
               
Corte de juros em janeiro
BC pondera riscos e divide economistas sobre cortes de juros em 2026; recados decisivos até dezembro. (Imagem/Reprodução: Infomoney)

A recente ata do Copom, divulgada pelo Banco Central, trouxe interpretações distintas sobre o futuro da taxa Selic. Embora a taxa siga em 15% ao ano, alguns economistas indicam sinais de que o corte de juros pode começar em janeiro, sugerindo uma flexibilização gradual da política monetária.

Economistas como Rodolfo Margato, da XP, e Mario Mesquita, do Itaú, projetam início do ciclo de cortes no início de 2026, podendo haver até seis reduções consecutivas. Eles destacam que o comitê busca manter a inflação sob controle, incorporando mudanças recentes como a faixa de isenção do imposto de renda.

Por outro lado, analistas como Daniela Lima, da Kinea, preferem uma postura conservadora, prevendo o corte apenas a partir de março. A ata reflete um cenário econômico complexo, com opiniões divididas sobre o momento ideal para reduzir a Selic, pautado pela necessidade de sinais claros de convergência da inflação.
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A recente ata do Copom, divulgada pelo Banco Central, reacendeu o debate sobre o futuro da taxa Selic. Embora a manutenção dos juros em 15% ao ano já fosse esperada, a análise do documento revela diferentes perspectivas sobre quando o corte de juros em janeiro se tornará uma realidade. Economistas divergem, mas alguns veem sinais de que a flexibilização da política monetária pode ocorrer em breve.

Rodolfo Margato, economista da XP, avalia que a ata abre espaço para uma política monetária menos restritiva já em 2026. Ele projeta o início de um ciclo gradual de flexibilização em março, com seis cortes consecutivos de 0,50 ponto percentual na Selic. Assim, a taxa de juros fecharia o próximo ano em 12%.

Margato destaca que o Copom parece mais confiante de que a taxa atual é suficiente para garantir a convergência da inflação à meta. Para ele, o Comitê busca evitar discussões sobre cortes de juros no curto prazo. O economista da XP também ressalta a inclusão de uma estimativa preliminar do impacto da ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda (IRPF) para quem ganha até R$ 5 mil.

A área de Pesquisa Macroeconômica do Itaú, liderada pelo economista-chefe Mario Mesquita, compartilha de uma avaliação similar. O banco destaca que o Copom já incorporou o impacto da mudança no Imposto de Renda em suas projeções, o que limita riscos de alta à frente. O Itaú acredita que os investidores podem aumentar suas apostas em um início do ciclo de cortes já em janeiro.

Para o Itaú, ajustes adicionais na comunicação de dezembro serão necessários, como a possível exclusão do parágrafo sobre o Copom retomar o ciclo de ajuste, caso julgue apropriado. Em resumo, a ata indica um Comitê confiante e que enxerga menos riscos de alta no hiato do produto e na inflação.

Tatiana Pinheiro, economista-chefe da Galapagos Capital, considera que a ata confirmou um tom menos duro. Ela destaca a moderação gradual da atividade, o arrefecimento da inflação e o impacto positivo do câmbio e das commodities. A economista também ressalta que a isenção do Imposto de Renda já está incluída no cenário-base do Comitê, afastando o risco de revisão altista das projeções.

Apesar de acreditar que o próximo passo será um grande ciclo de corte de juros, Tatiana mudou sua expectativa de início de corte de dezembro para janeiro. Ela mantém sua projeção de Selic em 10,5% no final de 2026.

André Valério, economista sênior do Inter, também destaca a menção do BC ao impacto ainda pequeno da mudança do IR. Ele alerta que estímulos no curto prazo podem tornar a demanda agregada menos sensível à taxa de juros. A expectativa do Inter é que o Copom inicie o ciclo de cortes na reunião de janeiro, com um corte de 25 pontos base.

Perspectivas sobre o Corte de Juros em Janeiro

Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimento, aponta que a principal mudança na comunicação apareceu no parágrafo 17 da ata. O BC diz ter maior convicção de que a taxa atual já é suficiente para garantir a convergência da inflação à meta. Cruz explica que esse trecho sugere, ainda que de forma indireta, a possibilidade de um corte de juros em janeiro, interpretação que o mercado tende a adotar.

A manutenção do parágrafo que fala de uma eventual alta de juros, segundo Cruz, significa que o BC não sugere explicitamente uma redução já em dezembro. No entanto, o texto abre espaço para quem defende uma flexibilização em janeiro argumentar que há margem para isso. Para ele, embora um corte ainda neste ano pareça improvável, o cenário para o próximo é diferente, com possibilidade de início do ciclo de redução em janeiro ou março.

Daniela Lima, economista para o Brasil da Kinea, faz uma leitura mais conservadora da ata. Ela mantém o cenário de corte em março. Para cortar em janeiro, seria necessário uma combinação muito grande de fatores para deixar um sinal muito claro de que ele precisaria cortar. Ariane Benedito, economista-chefe do PicPay, acredita que a leitura técnica aponta para uma ata com viés de estabilidade.

A ata do Copom sinaliza um cenário econômico complexo, com diferentes interpretações sobre o momento ideal para o corte de juros em janeiro. Enquanto alguns economistas apostam em uma flexibilização já no início do próximo ano, outros preferem uma postura mais cautelosa, aguardando sinais mais claros de convergência da inflação à meta.

Via InfoMoney
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Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.