O Brasil enfrenta, em 2025, um aumento na crise migratória venezuelana, testando as políticas de fronteira e a capacidade de resposta do Estado. Em 2024, o país recebeu 94.726 venezuelanos, um número equivalente à população de uma cidade como Paracatu, MG, de acordo com dados da Secretaria Nacional de Justiça (Senajus). Projeções indicam que, até o final de 2025, esse número pode ultrapassar 100 mil, impulsionado pelas deportações dos EUA.
Em abril, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, alertou sobre a possível deportação em massa de venezuelanos pelos Estados Unidos, que poderia deslocar “milhões” para a América do Sul. A situação na fronteira entre Colômbia e Venezuela é crítica, com milhares de pessoas cruzando diariamente em busca de melhores condições de vida. A Colômbia, sem infraestrutura para absorver essa demanda, direciona parte desse fluxo para o Brasil, que se torna uma rota prioritária devido à sua política de fronteiras abertas e à vulnerabilidade da fronteira em Roraima.
O número de venezuelanos residindo no Brasil aumentou de 2.800 em 2010 para 271 mil em 2022, um crescimento de 9.364% impulsionado pela crise na Venezuela. Dados recentes de junho de 2025 mostram que os pedidos de refúgio continuam em alta, com 27.150 solicitações feitas por venezuelanos no ano anterior, representando 93% dos pedidos reconhecidos pelo governo federal. Diferentemente de Chile, Peru e Argentina, o Brasil mantém uma política de acesso à residência temporária, refúgio e benefícios sociais.
Roraima, especialmente as cidades de Pacaraima e Boa Vista, continua sendo o principal ponto de entrada dos migrantes. A Operação Acolhida, coordenada pelas Forças Armadas, tenta redistribuir os migrantes para outras regiões, principalmente no Sul, mas enfrenta limitações logísticas e orçamentárias. Em 2024, o programa recebeu cerca de R$ 300 milhões para transporte, abrigamento e regularização de imigrantes, um valor considerado insuficiente.
O governo federal mantém uma postura de acolhimento humanitário, mas críticos apontam para o impacto social e econômico da entrada massiva de estrangeiros em municípios já sobrecarregados. Em Boa Vista, escolas e unidades de saúde enfrentam superlotação, aumento de conflitos sociais e crescimento do desemprego local, com a população imigrante ultrapassando a brasileira em alguns bairros. O debate sobre o controle de fronteiras permanece delicado nos meios oficiais.
Observa-se a formação de um corredor migratório de Caracas ao interior do Brasil, com uma fronteira sem vigilância eficaz. A crise migratória venezuelana se aprofundou e seus efeitos se expandem, transformando a migração em um instrumento de desestabilização nos países vizinhos, com o Brasil na linha de frente. Essa dinâmica exige atenção e políticas adequadas para mitigar os impactos negativos e promover a integração dos migrantes.
Via Danuzio News