Após acordo com credores, Azul promete aumento na sobra de caixa

Após o terceiro acordo, a Azul promete aumento de caixa para melhor liquidez.
10/04/2025 às 10:04 | Atualizado há 1 semana
Azul sobra de caixa
Conversão de dívida em ações alivia alavancagem, mas gera preocupação entre investidores. (Imagem/Reprodução: Infomoney)

A Azul sobra de caixa é o objetivo da Azul Linhas Aéreas (AZUL4) após renegociar suas dívidas pela terceira vez, evitando a necessidade de proteção judicial. A empresa busca agora gerar um excedente de caixa em curto prazo, apesar da cautela dos analistas e da queda de mais de 11% nas ações da Bolsa. Os impactos dos acordos serão mais visíveis em abril, com a conversão de dívidas em ações.

Alex Malfitani, vice-presidente financeiro da Azul, destacou que a reestruturação permitirá gerar caixa, algo que o mercado exige. A Azul optou por um acordo consensual, evitando o Chapter 11 utilizado por outras aéreas nos EUA. Malfitani enfatizou que transformar credores em acionistas demonstra confiança na empresa.

No dia 3 de abril, uma dívida de R$ 3,1 bilhões com arrendadores foi convertida em mais de 96 milhões de ações. A empresa também anunciou a subscrição de 1,2 bilhão de novas ações, totalizando R$ 72,7 milhões, com os controladores participando ativamente. John Rodgerson, CEO da Azul, afirmou que o investimento dos controladores, com um prêmio sobre o preço atual da ação, é um sinal de crença na empresa.

Ainda em abril, a Azul precisa converter US$ 785 milhões em notas de credores com vencimento em 2029 e 2030. Até o final do mês, 35% desses bonds serão convertidos em ações preferenciais e 52,5% em novas notas conversíveis. Os 12,5% restantes dependem de uma oferta primária de US$ 200 milhões, que pode ocorrer em breve.

Malfitani ressaltou que a Azul possui uma estratégia sólida e margens superiores às de Gol e Latam, mas a reestruturação é crucial para garantir a geração de caixa. Com mais caixa, a empresa poderá pagar dívidas mais caras, reduzir despesas com juros e optar por arrendamentos financeiros mais vantajosos.

Em janeiro, a Azul obteve US$ 525 milhões em uma captação, resultando em uma redução total de R$ 6,3 bilhões na dívida desde o quarto trimestre de 2024. No entanto, essa redução tem um custo: a diluição, com os aumentos de capital elevando o número de ações de 500 milhões para mais de 2,3 bilhões, o que gera receio nos investidores.

Com a conversão das dívidas em ações, os credores ganham maior poder de decisão na Azul. A empresa anunciou um acordo de acionistas suplementar que permite aos titulares de notas indicar dois membros independentes para o conselho de administração. Além da redução da dívida, a Azul se beneficiou de um cenário de câmbio e combustíveis mais favorável.

A Azul iniciou o segundo trimestre com um novo slogan, “O Céu do Brasil é Azul”, para incentivar o turismo doméstico, após um pedido de desculpas do CEO pelos problemas operacionais. Malfitani afirma que a satisfação do cliente e a pontualidade estão melhorando, e a demanda por voos no Brasil continua forte.

Os problemas na cadeia de suprimentos também diminuíram, facilitando a aquisição de aeronaves e motores. Em fevereiro, André Cruz, com experiência na Boeing e na Gol, foi nomeado vice-presidente técnico para otimizar a operação. Sobre uma possível fusão com a Gol, Malfitani mantém a discrição, seguindo o memorando de entendimento não vinculante (MoU) assinado em janeiro com a Abra Group.

A possível fusão gera opiniões divergentes, com críticas de ex-membros do Conselho de Defesa Econômica (Cade). Malfitani argumenta que a fusão permitirá atender 200 destinos no Brasil com maior frequência de voos, oferecendo mais opções aos clientes.

Diante das mudanças, a Azul busca não depender exclusivamente de fatores externos como câmbio e juros, visando um desempenho consistente em qualquer cenário econômico. A reestruturação financeira e as novas estratégias operacionais indicam um esforço para fortalecer a posição da empresa no mercado e garantir a Azul sobra de caixa.

Via InfoMoney

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.