O setor de recuperação de companhias aéreas no Brasil enfrenta grandes desafios, com Latam, Gol e Azul buscando auxílio financeiro por meio do Chapter 11. A pandemia é um dos principais motivos para a crise, mas fatores macroeconômicos também desempenham um papel importante na atual situação das aéreas.
Especialistas apontam que a recuperação de empresas aéreas é um desafio global. Carlos Honorato, professor da FIA, destaca a necessidade de apoio governamental e reestruturações financeiras. Os custos dolarizados, especialmente com combustíveis, complicam ainda mais o panorama para as companhias no Brasil.
Fusões e colaborações, como a entre Gol e Azul, são vistas como possíveis soluções, mas ainda existem grandes incertezas. A falta de suporte e investimento contínuo no setor pode levar a mais dificuldades. O cenário de alta especulação das ações das aéreas ressalta a complexidade desse mercado.
O setor de recuperação de companhias aéreas no Brasil tem enfrentado desafios significativos nos últimos anos. Latam, Gol e Azul, importantes players do mercado, buscaram auxílio financeiro por meio do Chapter 11, um processo de recuperação judicial nos Estados Unidos. A pandemia é um dos principais motivos dessa situação, mas fatores macro e micro também contribuem para as dificuldades enfrentadas pelas empresas aéreas.
Analistas e especialistas apontam que o setor aéreo é complexo e que a recuperação de companhias aéreas é um desafio constante. Carlos Honorato, professor da FIA Business School, destaca que empresas do setor, em todo o mundo, enfrentam problemas e necessitam de apoio, seja por meio de subsídios governamentais ou reestruturações financeiras.
No Brasil, o cenário é ainda mais crítico devido aos custos dolarizados, como o combustível, que representa cerca de 40% das despesas das empresas aéreas. Nesse contexto, o apoio governamental é visto como um fator importante para a recuperação de companhias aéreas.
Felipe Sant’Anna, especialista em investimentos do grupo Axia Investing, considera que o setor aéreo no Brasil é feito para dar errado, devido aos custos em dólar, receita em reais e altas taxas. Ele defende que o transporte aéreo deveria ser tratado como um serviço público, com subsídios governamentais que facilitem a operação das empresas.
Para Sant’Anna, políticas públicas diferenciadas são necessárias para lidar com os altos custos do combustível, que sofrem com a volatilidade do Brent. Ele sugere que a Petrobras poderia praticar preços diferenciados para o querosene de aviação ou que o governo reduzisse o ICMS sobre o combustível.
Apesar da complexidade do cenário macroeconômico, Carlos Honorato reconhece que as próprias companhias aéreas cometem falhas estratégicas que contribuem para os resultados negativos. Ele cita o exemplo da Gol, que se complicou ao comprar a Varig em 2007.
Felipe Sant’Anna ressalta que o histórico do setor aéreo no Brasil é marcado pela extinção de diversas companhias, como Varig, Vasp e TransBrasil. Ele vê a tentativa de codeshare entre Gol e Azul como uma possível solução, mas não observa mudanças estruturais que garantam a sustentabilidade das companhias aéreas.
Enrico Cozzolino, sócio da Levante Investimentos, também não está otimista com a recuperação de companhias aéreas. Ele aponta a necessidade de capital, juros elevados, falta de investimento em aeroportos e ausência de subsídios como fatores que pesam sobre o setor.
Honorato acredita que o endividamento dificulta a gestão das empresas e impede uma rápida mudança de cenário. Ele sugere que uma alternativa seria abrir o mercado para empresas estrangeiras, que faturam em dólar, mas essa medida poderia prejudicar ainda mais as empresas locais.
A situação da Azul e Gol chamou a atenção quando surgiu a possibilidade de uma fusão. No entanto, a concretização desse movimento depende da conclusão da recuperação judicial da Gol e enfrenta entraves regulatórios.
Sant’Anna não vê a união das companhias com bons olhos, enquanto Cozzolino a considera fundamental para a sobrevivência das empresas. Honorato acredita que a fusão seria positiva do ponto de vista empresarial, mas alerta para a necessidade de atenção do governo para evitar prejuízos aos passageiros.
O analista Enrico Cozzolino pondera que o setor aéreo demanda maior prêmio de risco devido ao seu custo de capital e sensibilidade aos juros e outras variáveis. Sem um aumento de receitas e melhorias nas garantias, novos problemas devem surgir no futuro.
Para Felipe Sant’Anna, as ações das companhias aéreas estão em um momento de pura especulação, com movimentos expressivos de alta e baixa devido aos preços irrisórios pelos quais são negociadas. Ele afirma que não compraria ações do setor aéreo, tendo em vista o cenário de crise diplomática, volatilidade do câmbio, petróleo e curva de juros.
Via Money Times