Azul solicita recuperação judicial nos EUA e pausa fusão com a Gol

A Azul Linhas Aéreas entrou com pedido de recuperação judicial nos EUA, suspendendo a fusão com a Gol durante o processo.
28/05/2025 às 08:47 | Atualizado há 2 meses
Recuperação judicial da Azul
Gol entra em recuperação judicial nos EUA, acompanhando a Azul. Mais detalhes no InvestNews. (Imagem/Reprodução: Investnews)

A companhia aérea Recuperação judicial da Azul anunciou que deu entrada em um pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos. A medida encerra um período de incertezas, marcado pela pressão contínua devido ao alto endividamento da empresa, mesmo após tentativas de reestruturação extrajudicial.

O anúncio impactou as ações da Azul listadas nas bolsas americanas, com uma queda acentuada de quase 30% antes da abertura dos mercados. O pedido de recuperação judicial pode também afetar os planos de uma possível fusão com a Gol, concorrente no setor aéreo brasileiro.

John Rodgerson, presidente-executivo da Azul, declarou à Reuters que o alto endividamento, agravado pela pandemia de Covid-19, motivou a decisão. A empresa busca, com o processo, a oportunidade de reestruturar suas finanças.

A Azul informou ter firmado acordos com seus principais parceiros financeiros, como detentores de títulos de dívida, a arrendadora de aeronaves AerCap e as companhias aéreas United Airlines e American Airlines. O objetivo é garantir o apoio necessário para a reestruturação.

O acordo estabelece um compromisso de US$ 1,6 bilhão em financiamento durante o processo, além da eliminação de mais de US$ 2 bilhões em dívidas e um adicional de até US$ 950 milhões em financiamento em equity. Rodgerson acredita que a empresa pode concluir o processo ainda este ano.

A iniciativa da Azul segue o exemplo de outras companhias aéreas latino-americanas, como Aeroméxico, Avianca, Gol e LATAM Airlines, que também buscaram recuperação judicial nos últimos anos devido ao aumento do endividamento. Desde o ano passado, a Azul vinha tentando reestruturar seu balanço, tendo inclusive fechado acordos para eliminar dívidas e levantar mais recursos.

Problemas na cadeia de suprimentos, atrasos nas entregas de aeronaves e a desvalorização do real frente ao dólar intensificaram a pressão financeira sobre a empresa. De acordo com Rodgerson, os custos com juros aumentaram significativamente devido à desvalorização da moeda brasileira.

A Azul comunicou que garantiu um financiamento de US$ 1,6 bilhão junto a parceiros financeiros, que será utilizado para pagar parte da dívida existente e reforçar a liquidez da empresa com US$ 670 milhões em capital novo. Após a conclusão da reestruturação, os recursos do empréstimo serão pagos com uma oferta de direitos de ações de até US$ 650 milhões, apoiada pelos parceiros financeiros, e um investimento adicional de até US$ 300 milhões pela United American.

No primeiro trimestre, a Azul reportou uma dívida bruta de R$ 34,66 bilhões, um aumento de 42,2% em relação ao ano anterior. O índice de alavancagem, medido pela relação dívida líquida/Ebitda, atingiu 5,2 vezes, ante 3,7 no ano anterior. Além disso, um aumento de capital recente levantou R$ 1,66 bilhão, valor abaixo do esperado pela empresa. As ações da Azul acumulam uma desvalorização de 65% neste ano.

Agências de classificação de risco como Fitch e S&P já haviam rebaixado a nota de crédito da Azul, citando o alto risco de inadimplência devido à redução da liquidez e aos elevados gastos financeiros e de arrendamento. A Azul assegura que manterá suas operações e vendas normalmente durante o processo de recuperação judicial.

Fundada em 2008 por David Neeleman, que também fundou a JetBlue, a Azul detém cerca de 30% do mercado doméstico, competindo com Gol e LATAM. A companhia opera uma frota diversificada, incluindo aeronaves Airbus, jatos regionais Embraer e turboélices ATR, tendo a AerCap como sua maior arrendadora.

O pedido de recuperação judicial impacta os planos de uma possível fusão com a Gol, que criaria uma companhia aérea de grande porte no Brasil. Em janeiro, o Grupo Abra, acionista controlador da Gol, e a Azul assinaram um memorando de entendimento não vinculante para uma fusão das empresas. A Gol também está em processo de recuperação judicial nos EUA, com a expectativa de concluir o processo no próximo mês.

Via InvestNews

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.