O Ibovespa atingiu a marca histórica de 150 mil pontos, contudo, a bolsa brasileira enfrenta um momento de perda significativa de empresas listadas. Desde 2017, o número de companhias deixando a B3 aumentou, reduzindo a base para cerca de 400.
Entre os principais motivos para essa saída está a alta da taxa Selic, que favorece investimentos em renda fixa em detrimento das ações. Além disso, os custos elevados para manutenção na bolsa desestimulam especialmente empresas menores.
Especialistas indicam que a tendência de redução continuará enquanto a conjuntura econômica persistir restritiva. Apesar disso, a diversificação das receitas da B3 mantém sua estabilidade financeira e o volume de negociações tem apresentado crescimento.
O mercado de capitais brasileiro enfrenta um cenário complexo: o Ibovespa atinge altas históricas, enquanto a B3 registra um número expressivo de empresas deixando a bolsa. Este movimento, o maior desde 2017, levanta questões sobre a atratividade do mercado acionário nacional. A saída de empresas da B3, com a base de listadas diminuindo para cerca de 400, merece uma análise aprofundada.
A taxa de juros elevada é apontada como um dos principais motivos para a saída de empresas. Com a Selic mantida em 15%, a renda fixa se torna uma opção mais atraente para investidores, drenando recursos do mercado acionário. Marcelo Nantes, da ASA Investimentos, destaca que este cenário afasta o investidor local, impactando negativamente a bolsa.
Além disso, os altos custos de listagem na bolsa também influenciam na decisão de saída de empresas. Manter uma companhia listada envolve despesas significativas com auditoria, governança e relações com investidores. Para empresas menores ou sem grande necessidade de captação, esses custos podem se tornar insustentáveis, tornando a saída de empresas mais interessante.
Marcos Piellusch, da FIA Business School, explica que, com a escassez de IPOs e a Selic alta, a emissão de ações se torna menos vantajosa. Empresas podem optar por fechar o capital e recomprar suas ações, pagando menos por elas do que obteriam em uma abertura pública. Essa estratégia contribui para o aumento da saída de empresas da B3.
Especialistas também apontam que a saída de empresas reflete uma depuração natural do mercado. Companhias que abriram capital em momentos de alta liquidez global, entre 2020 e 2021, podem não ter modelos de negócios consolidados e, com a mudança do ciclo econômico, optam por voltar a ser privadas.
Algumas empresas, como a Gol e a Ambipar, têm casos específicos que contribuíram para a saída de empresas. A Gol propôs o fechamento de capital após um processo de reestruturação nos Estados Unidos, buscando reduzir custos. A Ambipar, em recuperação judicial, pode estar utilizando a saída como estratégia para reposicionar seus negócios.
Apesar do número significativo de empresas deixando a B3, o impacto nas contas da bolsa é limitado. A B3 opera como um ecossistema diversificado, com receitas em custódia, compensação, derivativos e tecnologia. Dados do segundo trimestre de 2025 mostram um aumento na receita e no lucro líquido recorrente da B3.
Alexandre Albuquerque, da Moody’s, avalia que as diversas linhas de negócio têm ajudado a B3 a manter sua regularidade de desempenho. O volume médio diário de negociação também apresentou alta, impulsionado por ações, ETFs e BDRs. O mercado de dívida, com debêntures e instrumentos de crédito, também se mostra robusto.
A tendência de saída de empresas da B3 deve continuar enquanto o ambiente macroeconômico permanecer restritivo, como apontam especialistas. Empresas menores e com alta regulação tendem a ser mais vulneráveis. A concentração em blue chips deve se aprofundar, refletindo uma busca por investimentos mais seguros em tempos de incerteza.
Via Forbes Brasil