As Estatísticas de pagamentos no Brasil de varejo e cartões agora estão acessíveis através do Portal Brasileiro de Dados Abertos do Banco Central. Essa iniciativa visa facilitar o acesso e a integração de dados sobre o uso de instrumentos de pagamento no país, o mercado de cartões e os canais de acesso às transações bancárias. A mudança proporciona uma visão mais clara e abrangente do cenário financeiro nacional.
Os dados de 2024 revelam um crescimento expressivo nas transações de pagamento, excluindo as operações em espécie. O total alcançou 138,2 bilhões de transações, somando um montante financeiro de R$ 116,8 trilhões. Esse resultado representa um aumento de 26,7% na quantidade de transações e de 15,6% no volume financeiro em relação a 2023. Além disso, o número de transações *per capita* atingiu 790, um salto considerável em comparação com as 164 transações registradas em 2014.
O uso de diferentes instrumentos de pagamento também apresentou variações significativas. O Pix se destacou com um crescimento de 52,2%, impulsionando o aumento geral das transações. O débito direto e as transferências intrabancárias também registraram avanços notáveis, com 28,6% e 23,1%, respectivamente. Paralelamente, o mercado de cartões expandiu-se, com aumentos nas modalidades de crédito (11,0%), débito (2,5%) e pré-pago (19,2%), resultando em um crescimento médio de 9,8%.
Em contrapartida, o uso de cheques e transferências interbancárias fora do Pix apresentou declínio, com reduções de 19,7% e 7,9%, respectivamente. No mercado de cartões, o número de cartões de crédito ativos alcançou 235 milhões, um aumento de quase 14% em relação ao final de 2023. Já os cartões pré-pagos ativos somaram cerca de 74 milhões, crescendo aproximadamente 9% no último ano. Os cartões de débito ativos, por outro lado, diminuíram de 162 milhões para 154 milhões no mesmo período, representando uma queda de 5%.
As transferências interbancárias via TED continuam liderando em volume financeiro transacionado, representando 36,9% do total, refletindo o alto valor médio por transação. O Pix ocupa a segunda posição, com 22,6%, seguido pelas transferências intrabancárias, com 21,6%. O volume financeiro transacionado por meio de cartões também cresceu, com destaque para as modalidades de crédito (13,9%) e pré-pago (14,7%), enquanto o débito se manteve estável em relação a 2023.
Em 2024, a TED apresentou o maior valor médio por transação, atingindo cerca de R$ 52 mil, seguida pela transferência intrabancária, com aproximadamente R$ 17 mil. Enquanto o valor médio da TED aumentou cerca de 15% em relação a 2023, o da transferência intrabancária diminuiu aproximadamente 8%. O Pix registrou um valor médio de R$ 416, e o mercado de cartões, R$ 80, valores similares aos do ano anterior.
As tarifas de intercâmbio (TIC) do crédito apresentaram um leve aumento, chegando a 1,68% no último trimestre de 2024, um aumento de 4% em relação ao mesmo período de 2023 (1,62%). As TICs do débito e pré-pago, no quarto trimestre de 2024, foram de 0,49% e 0,70%, respectivamente, mantendo-se relativamente estáveis ao longo do ano, próximas aos limites estabelecidos pela Resolução BCB nº 246, de 2022.
As taxas de desconto (Merchant Discount Rate ou MDR) para aceitação de pagamentos no comércio apresentaram uma pequena redução. Entre o último trimestre de 2023 e o mesmo período de 2024, a MDR diminuiu de 2,33% para 2,26% no cartão de crédito, de 1,09% para 1,08% no cartão de débito e de 1,54% para 1,46% no cartão pré-pago. As transações parceladas representaram cerca de 13% da quantidade total de transações com cartão de crédito em 2024, correspondendo a aproximadamente 48% do valor total transacionado com esse instrumento.
O uso de celulares para transações de pagamento continua a crescer, com 58,9 bilhões de transações realizadas em 2024, um aumento de 18,4 bilhões em relação a 2023. O internet banking também se destacou, com 7,3 bilhões de transações, um aumento de 24% em relação ao ano anterior. Os canais de acesso remoto movimentaram cerca de R$ 64,2 trilhões, 5,3% a mais que em 2023, apesar de um volume financeiro ainda relevante movimentado por meio dos demais canais.
As operações de saques em espécie apresentaram redução de cerca de 8,2% na quantidade de transações em 2024, totalizando 2,7 bilhões de saques, e de 10,8% no volume de recursos sacados, atingindo R$ 2,1 trilhões. Na última década, as operações de saque decresceram 73% em valor real. Essa mudança reflete a crescente preferência por meios de pagamento digitais e a diminuição do uso de dinheiro em espécie.
Esses dados revelam um panorama dinâmico do sistema de pagamentos no Brasil, com o crescimento do Pix e dos pagamentos digitais, a estabilidade das tarifas de intercâmbio e a contínua adaptação dos consumidores e comerciantes às novas tecnologias. As estatísticas de pagamentos no Brasil refletem um sistema financeiro em constante evolução, impulsionado pela inovação e pelas mudanças nos hábitos de consumo.
Via TI Inside