Bancos e CEOs Buscam Valorizar Ecossistemas como Novos Ativos Financeiros

Bancos e líderes empresariais avançam para valorizar ecossistemas, criando novos ativos financeiros bilionários para investimentos sustentáveis.
19/11/2025 às 06:23 | Atualizado há 4 dias
               
Precificar ecossistemas
COP30 impulsiona Belém na valorização global dos serviços da natureza como ativos. (Imagem/Reprodução: Forbes)

Na COP30, o Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura e parceiros apresentaram um relatório que propõe precificar ecossistemas como florestas e zonas úmidas para valorizar seus serviços naturais. A ideia é transformar esses sistemas em ativos financeiros reconhecidos.

Especialistas defendem contratos padronizados e regulamentos claros para tornar investimentos na natureza atrativos e estruturados, assim como na infraestrutura tradicional. Países como Brasil e China destacam a importância da bioeconomia e da ecocompensação como ferramentas para financiamento.

Esse movimento pode tornar a natureza uma classe de ativos, mudando práticas empresariais e governamentais. Investir em ecossistemas poderá reduzir riscos e custos, incentivando a conservação e a restauração ambiental com impacto positivo nas finanças globais.
Na COP30, o Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (AIIB) e seus parceiros apresentaram um relatório que busca responder a um grande desafio: como transformar os sistemas naturais em ativos investíveis. A proposta é que florestas, zonas úmidas e bacias hidrográficas, que já oferecem serviços essenciais como proteção contra enchentes e purificação da água, sejam reconhecidas pelo sistema financeiro. O objetivo é entender como precificar ecossistemas para que recebam o devido valor.

Erik Berglof, economista-chefe do AIIB, defende uma nova abordagem, destacando que, sem contratos padronizados e marcos regulatórios claros, os investimentos em soluções baseadas na natureza permanecem isolados. Com esses elementos, seria possível transformar a natureza em uma classe de ativos atrativa para investidores.

Luana Maia, da NatureFinance, ressalta que a bioeconomia ganhou destaque na COP, refletindo a prioridade do Brasil na conservação florestal e na valorização da natureza. Uma questão central é: quem financiará esse capital natural? O Banco Mundial também reforçou essa necessidade ao anunciar novos princípios para rastrear finanças para a natureza e uma taxonomia comum, indicando que a natureza deve ser vista como um sistema econômico.

Para Erik Berglof, a questão é prática: é preciso investir, gerir e aumentar a resiliência da natureza, adaptando a experiência das finanças de infraestrutura. Ele argumenta que as finanças para a natureza têm sido limitadas pela falta de ferramentas que tornaram a energia renovável e outros setores investíveis. O relatório Unlocking Finance for Nature as Infrastructure detalha como ecossistemas podem ser estruturados e avaliados para atrair investimentos.

O AIIB acredita que a natureza pode ser tratada como infraestrutura se seu desempenho ecológico for medido e contratado, com garantias e créditos de biodiversidade. Essa mudança de visão surgiu de um projeto de zona úmida na Mongólia. Ao aplicar uma lente de capital natural, o governo ampliou o projeto, que passou a ser visto como infraestrutura, e não apenas conservação.

Na Colômbia, o banco de habitat Terrasos demonstra como a restauração pode ser financiada por meio de parcerias público-privadas, enquanto, na China, o AIIB trabalha com credores para precificar ecossistemas usando uma nova taxonomia, combinando ecocompensação com compradores de carbono. Henry Paulson enfatiza a importância de os governos definirem regras para proteger e restaurar a natureza, que é essencial para a nossa sobrevivência.

Jin Liqun, presidente do AIIB, afirma que os bancos multilaterais de desenvolvimento devem incorporar a natureza no planejamento e nas finanças. Transformar esse princípio em mercado exige resolver a questão da valoração, criando um sistema de classificação para investimentos positivos para a natureza. O relatório do AIIB propõe metodologias padronizadas de valoração e métricas de desempenho para ampliar a financiabilidade.

Para empresas, a natureza como infraestrutura é um tema de balanço. Sistemas naturais estão se degradando, resultando em custos mais altos e regulações mais rígidas. A COP30 indica que dependências biofísicas estão se tornando financeiras. Novas regras exigem que empresas divulguem impactos relacionados à natureza. Tratar a natureza como infraestrutura oferece um quadro prático: ecossistemas podem reduzir riscos e entregar serviços essenciais. Empresas que investem nesses sistemas tendem a enfrentar menos interrupções.

Para bancos multilaterais, o trabalho é desenvolver contratos padrão e sistemas de monitoramento. Para investidores, a questão é se a natureza pode ter o perfil de risco-retorno de uma classe de ativos de infraestrutura. Para governos, o desafio é incorporar o capital natural em orçamentos e garantir direitos à terra. Se a natureza se tornar uma classe de ativos, seus serviços serão exposições financeiras e ativos estratégicos, mudando a forma como empresas operam e competem.

A COP30 pode marcar o início da transformação das finanças da natureza em uma classe de ativos emergente. A ampliação dessa transformação dependerá da capacidade dos bancos multilaterais de traduzir ecossistemas em ativos investíveis e de longo prazo.

Via Forbes Brasil

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.