Batom e Minissaias: O que os Hábitos de Consumo Revelam?

Entenda como os hábitos de consumo, como batons e minissaias, podem ser sinais de recessão econômica.
25/07/2025 às 08:22 | Atualizado há 20 horas
Hábitos de consumo
Aumentos no consumo de batom podem sinalizar uma crise econômica iminente. (Imagem/Reprodução: Forbes)

O debate sobre uma possível recessão nos Estados Unidos persiste, mesmo com a economia demonstrando resiliência. Paralelamente aos indicadores econômicos tradicionais, como a taxa de juros e a confiança do consumidor, alguns analistas observam os hábitos de consumo da população como sinais preditivos de uma retração econômica. Mas será que a compra de batons e o comprimento das saias podem prever o futuro da economia?

A teoria do “índice do batom”, popularizada por Leonard Lauder, CEO da Estée Lauder, sugere que, em tempos de crise, as vendas de cosméticos aumentam. Isso acontece porque as pessoas buscam pequenos luxos para se sentirem bem, mesmo com o orçamento apertado. Durante as crises de 2001 e 2008, a venda de batons da marca Estée Lauder cresceu 25% e 11%, respectivamente, reforçando essa teoria.

Allan Augusto Gallo Antonio, professor de economia e direito do Mackenzie, aponta que o batom não é o único índice. O “Men’s underwear index” relaciona a queda na compra de roupa íntima masculina a períodos de restrição econômica. Já o índice de bainha sugere que, em recessões, as saias ficam mais compridas. Outros índices incluem o dos esmaltes e o da máscara facial, que viu investimentos de US$ 1,5 bilhão em empresas de beleza durante a pandemia.

Apesar do apelo popular, Antonio ressalta que essas associações não têm valor estatístico e não se sustentam ao longo do tempo. Segundo o economista, esses hábitos de consumo dizem mais sobre o nosso imaginário coletivo em tempos de incerteza do que sobre os fundamentos econômicos. Quando analisadas isoladamente, essas teorias podem ter um caráter humorístico, mas perdem a utilidade analítica.

Antonio explica que essas associações ganham sentido quando inseridas em uma estrutura teórica sólida, como a teoria do consumidor sob restrição orçamentária. O consumo agregado das famílias, especialmente em bens duráveis, reage a choques de confiança e deterioração das expectativas. A grande questão é que essas teorias precisam ser analisadas em conjunto com outras variáveis macroeconômicas estruturais.

Os resultados do primeiro trimestre das empresas de beleza não foram muito positivos. A Coty teve queda nas vendas e anunciou demissões. No varejo, a LVMH viu as divisões de perfumes e cosméticos se estagnarem, enquanto a L’Oreal cresceu 3,5%. O cenário mostra que essas empresas estão perdendo força, devido à redução de estoques dos varejistas e às incertezas econômicas.

Além disso, as preferências dos consumidores americanos estão mudando. A inflação alta e a desaceleração do crescimento econômico também estão influenciando os hábitos de consumo. No TikTok, a tendência do “underconsumption core” mostra que a geração Z se sente sobrecarregada pelo excesso de ofertas de produtos. A sustentabilidade também é um fator importante, ganhando espaço no estilo de vida das pessoas.

Embora os índices de hábitos de consumo tenham um forte apelo popular, é importante analisar o cenário econômico de forma abrangente. As mudanças nos padrões de consumo refletem tanto as condições econômicas quanto as transformações culturais e ideológicas. Os hábitos de consumo podem sinalizar tendências, mas não devem ser considerados como previsões isoladas de recessão.

Via Forbes Brasil

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.