Brasil enfrenta aumento nos preços de fertilizantes devido a tensões no Oriente Médio

Entenda como o conflito entre Irã e Israel impacta os preços dos fertilizantes no Brasil.
23/06/2025 às 18:17 | Atualizado há 1 semana
Fertilizantes para a safra
Custos de nutrição aumentam para safra 2025/2026 no Centro Oeste do Brasil. (Imagem/Reprodução: Moneytimes)

A instabilidade no Oriente Médio, especialmente o conflito entre Irã e Israel, já está impactando o bolso do agricultor brasileiro. A ameaça ao fornecimento de insumos e os problemas logísticos decorrentes dessa tensão elevam os custos para a safra 2025/2026, que começa a ser semeada em setembro no Centro-Oeste. Relatório da StoneX aponta paralisação na produção de ureia no Irã e Egito, dois grandes produtores de fertilizantes.

A interrupção no Egito está atrelada à redução no fornecimento de gás de Israel, enquanto no Irã, as plantas de ureia e amônia estão inoperantes devido aos riscos da guerra. O Brasil, grande importador de fertilizantes, sente o impacto das oscilações de preços em tempos de guerra. Até o momento, 61% da demanda de fertilizantes para o segundo semestre foi adquirida, mas nem todos os pedidos foram entregues, segundo Renato Françoso, especialista da StoneX.

Produtores que ainda não garantiram seus insumos enfrentam uma relação de troca desfavorável, o que pode levá-los a reduzir as aplicações na próxima safra. Em março de 2025, eram necessárias 28 sacas de soja para comprar uma tonelada de fertilizante MAP (nitrogenado e fosfatado). Quatro meses depois, essa proporção subiu para 31 sacas. O poder de compra de fertilizantes para a safra pelos agricultores brasileiros atingiu o menor nível em 30 meses, impactado pela queda nos preços das commodities agrícolas e o aumento nos custos dos adubos, conforme indicador da Mosaic.

O cenário é particularmente preocupante para os produtores de milho, já que o Irã responde por 17% a 20% da demanda brasileira por ureia. “As perspectivas para a ureia são incertas, a logística conturbada e ainda temos um programa de importação bem robusto pela frente”, alertou Jeferson Souza, analista da Agrinvest, que estima um aumento de 25% no preço da ureia em relação ao ano anterior.

Embora Francisco Vieira, analista da Agroconsult, considere prematuro prever uma redução na área semeada de milho ou soja devido aos custos mais altos dos fertilizantes, ele ressalta que existem fornecedores alternativos fora do Oriente Médio, como China e Marrocos. Vieira não antecipa escassez, mas concorda que o maior problema é o preço. Evandro Turatto, diretor da Next Shipping, relata que os afretadores já cobram o dobro para entrar no Estreito de Ormuz, rota ameaçada pelo Irã, com aumento de 30% no frete de contêineres fracionados nos últimos dez dias.

Ainda segundo Turatto, uma escalada do conflito poderia levar a uma crise sem precedentes na cadeia de suprimentos, superando os problemas enfrentados durante a pandemia.

Via Money Times

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.