Brasil enfrenta aumento significativo de desastres climáticos

Estudo revela crescimento alarmante de desastres climáticos e chuvas no Brasil nesta década.
01/07/2025 às 15:51 | Atualizado há 4 semanas
Desastres climáticos no Brasil
Estudo aponta aumento preocupante de desastres climáticos e chuvas no Brasil nesta década. (Imagem/Reprodução: Exame)

O Brasil enfrenta um aumento alarmante nos desastres climáticos no Brasil, tendo registrado 7.539 eventos relacionados a chuvas intensas entre 2020 e 2023. Este número representa um aumento de 320% em comparação com as 2.335 ocorrências durante toda a década de 1990. Esse alerta provém de um estudo recente, realizado pelo Programa Maré de Ciência da Universidade Federal de São Paulo junto ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, UNESCO e Fundação Grupo Boticário. Esta análise faz parte da série “Brasil em Transformação”, que visa conscientizar a sociedade sobre os efeitos das mudanças climáticas.

Desde 1991, o país contabilizou 26.767 eventos de chuvas extremas, com um crescimento significativo a partir dos anos 2000. A média anual registrada em 2020 foi o dobro em relação à década anterior e 7,3 vezes superior aos dados da década de 1990. Sem intervenções eficazes, essa tendência não parece ter uma solução à vista; as previsões indicam que esses eventos devem se tornar mais frequentes e intensos.

De acordo com o Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC), espera-se um aumento de 30% na precipitação nas regiões Sul e Sudeste até 2100, enquanto as regiões Norte e Nordeste podem sofrer uma redução de até 40%. A disponibilidade hídrica no Brasil, conforme dados da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), pode cair até 40% até 2040, complicando ainda mais a situação.

A área afetada por tais desastres se expandiu consideravelmente, impactando atualmente 4.645 municípios, o que representa um crescimento de 27% nos anos 1990 para 83% nos anos 2000. O verão, especialmente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, é responsável por 44% dos desastres climáticos relacionados às chuvas nas últimas três décadas. Entretanto, o padrão varia: no Norte e Nordeste, o outono também apresenta um aumento significativo nos eventos; já no Sul, o outono é a estação com o maior número de ocorrências, embora os desastres sejam comuns em todas as estações.

O número de pessoas afetadas por essas tragédias climáticas é um dado preocupante. Entre 1991 e 2023, cerca de 91,7 milhões de brasileiros foram impactados, um aumento de 82 vezes em relação aos anos 1990, onde o número de atingidos era aproximadamente 400 mil. Entre 2020 e 2023, o total saltou para 31,8 milhões. Em 2024, as enchentes do Rio Grande do Sul sozinhas afetaram 2,4 milhões de pessoas, elevando a média anual para 6,8 milhões.

As consequências desses eventos se estendem além da quantidade de pessoas atingidas. Cerca de 90% dos afetados experimentaram danos adversos, incluindo problemas psicológicos que podem resultar em incapacidades temporárias ou permanentes. Além disso, aproximadamente 654 mil pessoas ficaram feridas ou adoeceram, e 8,7 milhões foram desabrigadas ou desalojadas, com um total de 4.247 mortes relacionadas a esses desastres, representando 86% de todas as fatalidades por causas climáticas no Brasil.

Os impactos financeiros também são alarmantes, somando-se a R$ 146,7 bilhões em prejuízos. Somente entre 2020 e 2023, as perdas econômicas alcançaram R$ 43 bilhões, um valor que é 40 vezes maior que os R$ 1,1 bilhão da década de 1990. Estima-se que o total de prejuízos nesta década já chegue a R$ 132 bilhões, sendo a maior parte (83%) oriunda do setor privado, principalmente da agricultura e comércio. O governo também estipula perdas de R$ 24,4 bilhões, afetando setores como transporte, saneamento e educação.

Para enfrentar essa situação, especialistas recomendam investimentos em políticas de prevenção e adaptação climática. Medidas como um planejamento urbano adequado e sistemas de alerta meteorológico eficazes podem ajudar a salvar vidas e diminuir danos materiais. Intervenções como jardins de chuva e biovaletas podem efetivamente reduzir o escoamento superficial e aumentar a infiltração de água no solo, enquanto parques lineares podem proporcionar segurança ao longo das margens dos rios.

Via Exame

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.