A inteligência artificial (IA) está transformando diversos setores e, no mundo do entretenimento adulto, surgiu um novo fenômeno: a IA do job. Criadores estão utilizando ferramentas de IA para gerar imagens e vídeos de mulheres virtuais, explorando um mercado crescente em plataformas como OnlyFans, Privacy e Fanvue. Essa tendência levanta questões sobre ética, regulamentação e o futuro do conteúdo adulto na era digital.
A IA do job tem se popularizado como uma forma de ganhar dinheiro online. Criadores utilizam sites de edição para gerar modelos virtuais e simular cenas de conteúdo adulto, vendendo assinaturas para os interessados. Elaine Pasdiora, residente em Porto Velho (RO), é um exemplo de quem encontrou nessa prática uma fonte de renda.
Entre janeiro e março de 2025, Elaine faturou mais de R$ 20 mil com as “garotas do job”, impulsionada pela venda de cursos que ensinam a criar essas mulheres virtuais. O tema ganhou destaque no TikTok, onde Elaine começou a oferecer aulas sobre o assunto, atraindo um grande número de interessados.
A ascensão da IA do job também reflete a crescente influência da inteligência artificial na indústria do entretenimento adulto. Cleber Zanchettin, especialista em IA da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), destaca que esse tipo de negócio ganhou força nos EUA e na Europa no início de 2024, e agora se expande no Brasil.
Para muitos, a criação de uma IA do job começa com a busca de ferramentas específicas. Há diversos sites que permitem gerar fotos e vídeos de conteúdo adulto, alguns oferecendo modelos prontos e outros permitindo a customização via prompts. Além disso, existem plataformas que adicionam movimento e fala aos personagens virtuais.
Apesar das oportunidades, é crucial estar atento aos desafios e questões éticas envolvidas na IA do job. Elaine Pasdiora, por exemplo, expressa preocupação com a falta de regulamentação e a necessidade de utilizar plataformas que permitam conteúdo gerado por IA, sinalizando sempre que o conteúdo é virtual.
A criação de “garotas do job” também levanta discussões sobre estereótipos e representatividade. A maioria das criações segue um padrão de beleza eurocêntrico, com pouca diversidade racial. A advogada criminalista Giovana Gabriela Silva observa que essa tendência reforça estereótipos de corpos perfeitos.
A discussão sobre a regulamentação do uso de IA no Brasil está em andamento no Senado, com um projeto de lei em debate. A expectativa é que essa regulamentação traga mais clareza e segurança jurídica para o setor, evitando práticas ilegais como a manipulação de fotos de pessoas reais.
Via G1