BYD se posiciona diante de críticas sobre avanço no Brasil

A BYD rebutou reclamações de concorrentes sobre seu sucesso no mercado brasileiro, enfatizando sua estratégia. Confira os detalhes.
30/07/2025 às 13:22 | Atualizado há 1 dia
BYD no Brasil
Montadora chinesa provoca com ironia disputas no setor automotivo nacional. (Imagem/Reprodução: Investnews)

No cenário automotivo brasileiro, a BYD no Brasil, gigante chinesa do setor, respondeu de forma incisiva às críticas de montadoras concorrentes. Em carta aberta, a empresa ironizou as alegações de que a redução de impostos sobre veículos elétricos desmontados (SKD e CKD) poderia gerar demissões em massa. A BYD argumenta que tais alegações são uma reação à inovação e à abertura do mercado.

A polêmica ganhou força após uma carta enviada ao presidente Lula por representantes de grandes montadoras como Volkswagen, Stellantis, GM e Toyota. No documento, as empresas manifestaram preocupação com a possível isenção tarifária à BYD para importação de veículos em regime SKD ou CKD. Segundo as montadoras, essa medida poderia desestruturar a cadeia de suprimentos local e inviabilizar a produção nacional.

A BYD, que assumiu a antiga fábrica da Ford em Camaçari, Bahia, defende que está cumprindo os termos contratuais de seu acordo com o governo baiano. O acordo já previa o uso temporário de SKD e CKD antes da nacionalização completa dos componentes. Para Alexandre Baldy, vice-presidente da BYD, a reação das montadoras tradicionais revela um incômodo com a perda de protagonismo no mercado.

A BYD compara as reclamações das montadoras tradicionais ao pavor dos dinossauros diante de um meteoro, onde a BYD representaria o meteoro. A empresa argumenta que sua estratégia é semelhante à de outras montadoras no passado, que também utilizaram a importação em CKD como porta de entrada no país. A BYD afirma que a fábrica na Bahia é apenas o primeiro passo de um plano de industrialização e exportação para toda a América Latina.

Enquanto as concorrentes acusam a BYD de dumping e deslealdade, a BYD tenta se apresentar como uma aliada da reindustrialização. A empresa afirma que já gerou mais de mil empregos diretos em Camaçari e está comprometida com a cadeia produtiva nacional.

O embate reflete as pressões externas que afetam as montadoras tradicionais. Toyota, GM, Stellantis e Volkswagen enfrentam dificuldades não só no Brasil, mas também em outros mercados. A eletrificação exige investimentos em tecnologia e infraestrutura, elevando os custos. No Brasil, essas marcas buscam alternativas locais, como a Toyota, que aposta em um híbrido flex mais acessível.

As montadoras chinesas, como a BYD, avançam rapidamente. A BYD, que já superou a Tesla em vendas globais de carros elétricos, possui uma cadeia verticalizada, produzindo suas próprias baterias e dominando tecnologias importantes. A empresa se beneficia de subsídios estatais e de uma política industrial agressiva do governo chinês.

A tensão se intensifica em meio a uma crise de crescimento na economia chinesa. Com a desaceleração do consumo interno, a produção das indústrias aumentou. A solução é exportar, e o Brasil se tornou um dos principais destinos. Dados da OMC apontam que a América do Sul terá o maior crescimento nas importações chinesas em 2025, com o Brasil sendo o destino preferencial.

O Brasil se encontra em uma encruzilhada, onde precisa decidir entre proteger sua indústria local ou abrir-se para novos investimentos. O presidente Lula busca equilibrar os interesses, incentivando a reindustrialização sem perder oportunidades na nova economia global. A disputa entre a BYD no Brasil e as montadoras tradicionais promete movimentar o setor automotivo nos próximos anos.

Via InvestNews

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.