A Câmeras digitais dos anos 2000 estão experimentando um notável ressurgimento, impulsionado pela Geração Z, que busca uma estética fotográfica mais autêntica e nostálgica. Esses dispositivos, antes relegados ao fundo das gavetas, agora marcam presença em festas, viagens e até mesmo em ambientes escolares, oferecendo uma alternativa aos onipresentes smartphones.
A busca por uma experiência fotográfica que fuja dos padrões de perfeição impostos pelos celulares modernos tem motivado essa tendência. Jovens como a influenciadora Yasmin Maccari e o estudante de medicina João Pedro Ferreira expressam preferência pelas câmeras digitais dos anos 2000 devido à sua capacidade de capturar momentos de forma mais genuína, sem o excessivo processamento de imagem e a inteligência artificial presente nos smartphones.
Marcas como Cyber-shot da Sony, Canon PowerShot, Nikon Coolpix, Kodak EasyShare e Panasonic Lumix, que fizeram sucesso no início do século, voltaram a ser procuradas. O aumento da demanda, no entanto, tem impactado os preços desses equipamentos no mercado de segunda mão.
A professora de comunicação e publicidade Karine Karam e o fotógrafo Paulo Barba apontam três fatores que contribuem para esse movimento. O primeiro deles é o fascínio da Geração Z pela estética dos anos 2000, impulsionado por celebridades e influenciadores. O segundo fator é a insatisfação com o excesso de processamento de imagem nos celulares, que muitas vezes resulta em fotos artificiais. Por fim, as câmeras digitais dos anos 2000 evocam memórias e sentimentos de nostalgia, tornando-as ideais para registrar momentos especiais.
João Pedro Ferreira acredita que a praticidade de fotografar com o celular esvaziou o ato de registrar momentos. Para ele, as Cyber-shots resgataram essa experiência, permitindo que as pessoas capturem momentos com mais intensidade e propósito. Yasmin Maccari compartilha dessa opinião, afirmando que prefere fotografar com sua câmera antiga do que com o celular, valorizando o charme do flash e a autenticidade das imagens.
Enquanto os smartphones produzem imagens padronizadas e hipereditadas, as câmeras digitais dos anos 2000 devolvem o controle criativo aos usuários. Para Paulo Barba, as tecnologias de processamento de imagem e inteligência artificial nos smartphones deixam as fotos menos naturais, gerando reclamações. Nas Cyber-shots, a imagem é mais fiel à realidade, sem o excesso de nitidez e redução de ruído.
A popularidade das câmeras digitais dos anos 2000 chegou até mesmo às escolas, onde a proibição do uso de celulares levou os alunos a adotarem esses equipamentos como alternativa. A tendência reflete uma busca por autenticidade e uma valorização da experiência fotográfica em si, em vez de apenas um registro rápido e conveniente.
Via G1