No reino animal, a capacidade de navegação transcende nossos limitados cinco sentidos. Enquanto nós, humanos, dependemos da visão, audição, paladar, olfato e tato, diversas espécies, como as aves, possuem uma aptidão inata para sentir o Campo magnético da Terra, utilizando-o como um guia confiável em suas jornadas.
Pesquisadores de Oxford e Oldenburg têm descoberto evidências cruciais de que aves migratórias noturnas possuem uma proteína singular na retina, atuando como um sensor para detectar campos magnéticos. Esse mecanismo de geolocalização sofisticado garante a sobrevivência dessas aves, permitindo que se orientem com precisão.
Essa habilidade não se restringe apenas aos pássaros. Cientistas revelaram que algumas aves possuem mecanismos internos de geolocalização altamente desenvolvidos. Henrik Mouritsen, biólogo da Universidade de Oldenburg, enfatiza a complexidade quântica envolvida nesse processo, comparando-o a uma bússola interna.
Um estudo com tordos europeus demonstrou que esses animais não apenas utilizam o Campo magnético da Terra para navegação, mas também o “enxergam” de alguma forma. A física quântica oferece uma explicação para esse fenômeno, com a descoberta de criptocromos nos olhos das aves.
O criptocromo, uma proteína fotossensível presente em plantas e animais, desempenha um papel crucial na regulação do ritmo circadiano. Em aves, essa proteína também atua como um sensor magnético, captando o Campo magnético da Terra em microssegundos.
Katherine J. Wu, bióloga da Universidade de Harvard, descreve como a energia da luz perturba as moléculas dentro do criptocromo, tornando-as sensíveis ao pulso energético do Campo magnético da Terra. As retinas dos tordos desenvolvem um mecanismo que lhes permite captar esse campo magnético, funcionando como uma bússola interna.
Embora os experimentos tenham revelado a sensibilidade das proteínas isoladas aos campos magnéticos, o processo exato que ocorre nos olhos das aves permanece um mistério. A falta de estrutura técnica adequada dificulta a realização de estudos mais aprofundados. No entanto, os pesquisadores reconhecem a relevância dessa descoberta, que demonstra a sensibilidade de uma molécula do aparelho visual de uma ave migratória aos campos magnéticos.
Além das aves, outros animais também utilizam o poder do Campo magnético da Terra para orientação. Tartarugas, salmões e mamíferos como raposas e coiotes também possuem essa capacidade. Até mesmo os cães podem manifestar essa habilidade em seu comportamento.
Um estudo de 2013 revelou que os cães podem usar seu senso biológico do Campo magnético da Terra para se posicionarem durante a defecação. Supostamente, os cães preferem defecar alinhados com o eixo norte-sul, especialmente em condições de campo magnético calmo.
Embora a razão por trás desse comportamento permaneça incerta, os pesquisadores especulam se os cães conseguem “ver” o campo magnético ou se é um processo inconsciente. Vacas, veados, javalis e carpas também demonstram preferência pelo alinhamento norte-sul.
As raposas-vermelhas, por sua vez, exibem um comportamento ainda mais estratégico. Ao atacar suas presas, elas tendem a usar o eixo nordeste, aumentando suas chances de sucesso em três vezes. Essa direção de ataque é independente de fatores como hora do dia, estação do ano, cobertura de nuvens e direção do vento.
O reino animal revela a fascinante capacidade de sentir e utilizar o Campo magnético da Terra para orientação e sobrevivência. As pesquisas continuam a desvendar os mistérios por trás desses mecanismos, revelando a complexidade e sofisticação da natureza.
Via TecMundo