Casas Bahia reduz dívida e corta alavancagem pela metade

Entenda como a Casas Bahia conseguiu reduzir sua dívida e alavancagem significativamente, impactando suas operações e o mercado.
06/06/2025 às 06:01 | Atualizado há 2 meses
Conversão de dívida
Casas Bahia finaliza acordo com credores para reduzir sua dívida. (Imagem/Reprodução: Braziljournal)

A Conversão de dívida é a estratégia que a Casas Bahia adotou ao concluir uma negociação com seus credores, visando reduzir pela metade a alavancagem da companhia. A decisão ocorre em um momento crítico, onde as despesas financeiras têm comprometido significativamente o EBITDA. Entenda os detalhes desta operação e o que esperar para o futuro da empresa.

Atualmente, a Casas Bahia possui uma dívida bruta de R$ 4,5 bilhões, com uma alavancagem de 1,6x EBITDA. A empresa busca reverter este quadro através da conversão em ações de toda a série 2 da sua 10º emissão de debêntures, totalizando R$ 1,5 bilhão. A medida promete um novo fôlego financeiro para a gigante do varejo.

As debêntures estão atualmente sob a posse do Bradesco e do Banco do Brasil, que planejam vendê-las para um novo player financeiro. Este investidor se tornará o maior acionista da Casas Bahia, embora sua identidade ainda não tenha sido revelada. O mercado aguarda ansiosamente para saber quem será o novo controlador da empresa.

A conversão das debêntures em ações será realizada com um desconto de 20% sobre a média do preço da ação nos 90 pregões anteriores à data de fechamento da operação. Caso o fechamento ocorresse hoje, a conversão resultaria em uma diluição de 77,5%, conferindo ao novo player uma participação majoritária na empresa. A família Klein, cuja participação é atualmente de 21%, veria sua fatia diminuir para menos de 5%.

O novo investidor concordou com um lockup gradativo de 16 meses. No primeiro trimestre, poderá vender até 10% de sua posição, seguido por mais 15% no segundo trimestre, e assim sucessivamente. Este compromisso visa garantir a estabilidade das ações da Casas Bahia no mercado.

Além da conversão de dívida, a Casas Bahia conseguiu melhorar os prazos da série 1 das debêntures, que totalizam R$ 1,6 bilhão e estão concentradas no Bradesco e no Banco do Brasil, detentores de 54% dos títulos. A carência de juros e do principal foi estendida por um ano, gerando um benefício adicional de fluxo de caixa de R$ 400 milhões nos próximos 24 meses, segundo Renato Carvalho, chairman da Casas Bahia.

Bradesco e Banco do Brasil também se comprometeram a manter as linhas de CDCI, utilizadas para financiar o crediário da varejista, por mais um ano, somando-se aos dois anos já acordados. Esta medida garante a continuidade do suporte financeiro para as operações de crédito da Casas Bahia.

Com estas ações, a dívida bruta da Casas Bahia deve cair para R$ 2,9 bilhões, e a alavancagem para 0,8x EBITDA. A reestruturação do capital ocorre em um momento em que as despesas financeiras têm consumido o EBITDA da empresa. No ano anterior, estas despesas ultrapassaram R$ 2 bilhões, e no primeiro trimestre deste ano, já somavam mais de R$ 600 milhões.

Segundo o CEO Renato Franklin, a conversão de dívidas reduzirá as despesas financeiras em aproximadamente R$ 230 milhões por trimestre. A expectativa é que, com a melhoria da estrutura de capital, a empresa consiga acessar linhas de crédito mais baratas, otimizando ainda mais seu capital de giro.

A Casas Bahia, com um valor de mercado inferior a R$ 400 milhões na Bolsa, tem visto suas ações oscilarem, com uma queda de 35% nos últimos doze meses, mas um aumento de 41% no ano. A conversão de dívida representa um esforço significativo para reverter este cenário.

Via Brazil Journal

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.