Diante de um cenário de comércio internacional instável e da **volatilidade econômica** que afeta juros e ativos, empresas de capital aberto estão cada vez mais focadas em diversificação, controle de custos e gestão de caixa. Essa foi a tônica da palestra na Expert XP 2025, com os CFOs da Vale (VALE3), Simpar (SIMH3) e XP (XPBR31) destacando a necessidade de planos abrangentes.
Denys Ferrez, executivo financeiro da Simpar, enfatizou que a diversificação de ativos tem sido o principal trunfo da empresa para mitigar os impactos da volatilidade econômica. A estratégia envolve a distribuição de negócios, clientes e setores, aliada a contratos de longo prazo, visando um portfólio equilibrado e resiliente.
Ferrez também mencionou que a Simpar, que controla empresas como Movida, Vamos e JSL, intensificou seu foco em eficiência após um período de grandes investimentos, coincidindo com o aumento das taxas de juros no Brasil, que atualmente se encontram em 15%. Nos últimos quatro anos, a holding investiu cerca de R$ 60 bilhões em suas oito empresas.
Marcelo Bacci, CFO da Vale, explicou que, embora a produção de minério de ferro não seja diretamente afetada pelas taxas de juros, a estratégia de proteção contra custos da empresa é influenciada pelo cenário cambial e pelas tarifas impostas pelo governo dos Estados Unidos.
Bacci ressaltou que a volatilidade econômica no câmbio impacta positivamente a receita da Vale, mas, como os custos são majoritariamente em reais, a empresa precisa realizar hedge (proteção) dos custos em dólar. A definição do nível ideal e o momento certo para realizar esse hedge exigem análise de diversos cenários e adaptabilidade.
Apesar da baixa exposição ao mercado americano, em torno de 1% a 2% da receita, a Vale sente indiretamente os efeitos da volatilidade econômica gerada pelo aumento das tarifas globais, principalmente no câmbio. A valorização do dólar pode beneficiar os exportadores, mas também cria um ambiente de incerteza.
Para Bacci, manter a liquidez é uma estratégia importante para a Vale, tanto pela dificuldade em prever a geração de caixa quanto pelo fato de que, no Brasil, os juros da dívida são próximos aos das aplicações financeiras, tornando menos custoso carregar caixa.
Victor Mansur, CFO da XP, ressaltou que a redução de custos continua sendo uma prioridade para as empresas. A gestão de despesas, o retorno sobre investimentos, o retorno sobre o patrimônio e o retorno sobre os ativos são temas recorrentes nas discussões internas da empresa.
Mansur citou o período de 2021 a 2022, quando a XP, após seu IPO, expansão com o aporte do Itaú e otimismo nos mercados internacionais, diversificou suas áreas de atuação. No entanto, a virada do mercado em 2022 pegou a empresa com uma estrutura de custos que não se adequava ao novo cenário.
Com relação às Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs), Mansur avalia que a mudança na regulação da isenção desses títulos, proposta pelo governo, deve impactar a oferta no mercado. Ele acredita que haverá um aumento no fluxo de empresas emissoras em 2026, uma vez que os títulos emitidos até o final de 2025 permanecerão isentos.
Essa mudança regulatória gera volatilidade econômica e um movimento de ajuste de preços. A expectativa é que, a partir do próximo ano, os produtos isentos passem a ter uma tributação de 5%, o que tem levado diversas empresas a procurarem os bancos para anteciparem suas emissões, aquecendo o mercado de capitais.
Em um ano eleitoral, os balanços dos bancos tendem a aumentar em 2025, com o objetivo de oferecer esses títulos isentos aos clientes em 2026, combinando com o período eleitoral no Brasil.
Via InfoMoney
