Após um extenso julgamento que ultrapassou 27 horas, os quatro réus acusados de envolvimento na Chacina da Ilha foram considerados culpados e sentenciados a um total de 592 anos e 9 meses de prisão. O trágico evento resultou na morte de quatro pessoas e deixou outras duas feridas. A decisão foi proferida no Fórum Criminal de Vitória, marcando o fim de um capítulo sombrio na história da cidade.
Os indivíduos condenados são Felipe Domingos Lopes, também conhecido como “Cara de Boi” ou “Boizão”; Victor Bertholini Fernandes, apelidado de “Vitinho”; Werick Sant’Ana dos Santos da Silva, chamado de “Mamão”; e Adriano Emanoel de Oliveira Tavares, conhecido como “Balinha” ou “Bamba”. As penas aplicadas a cada um refletem a gravidade de seus crimes e seu envolvimento na Chacina da Ilha.
Felipe Domingos Lopes recebeu a pena mais alta, totalizando 178 anos de prisão, por ser considerado culpado por quatro homicídios triplamente qualificados, duas tentativas de homicídio, associação armada para o tráfico de drogas e corrupção de menores. Victor Bertholini Fernandes foi condenado a 154 anos e 8 meses de prisão pelos mesmos crimes, exceto corrupção de menores.
Werick Sant’Ana dos Santos da Silva foi sentenciado a 140 anos, 9 meses e 10 dias de prisão, também por quatro homicídios triplamente qualificados, duas tentativas de homicídio, associação armada para o tráfico de drogas e corrupção de menores. Adriano Emanoel de Oliveira Tavares recebeu uma pena de 119 anos, 4 meses e 6 dias pelos mesmos crimes, evidenciando a participação de cada um na Chacina da Ilha.
Os crimes foram agravados pelas circunstâncias, incluindo motivo torpe ligado à guerra do tráfico de drogas, o uso de meios que impediram a defesa das vítimas e a prática de atos cruéis. Os réus, que já estavam sob prisão preventiva, cumprirão suas sentenças em regime fechado. Além das penas de prisão, eles deverão pagar indenizações às famílias das vítimas, conforme determinado pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES).
O julgamento teve início na segunda-feira e se estendeu até a madrugada de quarta-feira, com a oitiva de testemunhas, interrogatórios dos réus e debates entre acusação e defesa. Os promotores de Justiça Rodrigo Monteiro e Bruno de Oliveira apresentaram provas que sustentaram a condenação dos réus, demonstrando o impacto da Chacina da Ilha na comunidade.
A Chacina da Ilha ocorreu em setembro de 2020, na Ilha Doutor Américo, também conhecida como Ilha da Pólvora, no bairro Santo Antônio, em Vitória. O caso gerou grande comoção e é considerado um dos mais brutais da região. A motivação por trás dos crimes foi a rivalidade entre facções criminosas envolvidas no tráfico de drogas.
Segundo o MPES, os criminosos faziam parte de uma organização criminosa e cometeram os homicídios como forma de intimidar e demonstrar poder. As vítimas foram subjugadas, ameaçadas e interrogadas antes de serem executadas com armas de fogo. Três pessoas morreram no local, enquanto uma quarta faleceu após receber atendimento médico. Duas pessoas sobreviveram ao ataque.
Este caso ressalta a importância do trabalho do Ministério Público e do sistema de justiça na busca por responsabilizar os autores de crimes violentos e garantir que a justiça seja feita em nome das vítimas e de suas famílias. A condenação dos réus envolvidos na Chacina da Ilha representa um passo significativo para a comunidade de Vitória, demonstrando que a violência não ficará impune e que os responsáveis serão responsabilizados por seus atos.