Com a aproximação da COP30 em Belém, Brasil, o presidente da conferência climática, André Corrêa do Lago, levanta um alerta sobre uma nova forma de resistência: a negação econômica da COP30. Segundo ele, o foco agora se deslocou da contestação da ciência climática para um embate contra as políticas que visam transformar a economia global em um modelo de baixo carbono.
Corrêa do Lago, em entrevista ao The Guardian, enfatizou que a crescente aceitação das evidências científicas sobre as mudanças climáticas levou a oposição a concentrar seus esforços em desacreditar as medidas econômicas necessárias para mitigar o problema. Ele observa que o avanço do populismo, como visto na presidência de Donald Trump, incentivou um recuo nas ações que promovem energias renováveis e a diminuição das emissões de gases do efeito estufa.
O diplomata ressalta a importância de demonstrar que a transição para uma economia sustentável pode gerar benefícios financeiros e elevar a qualidade de vida das pessoas. A experiência de André Corrêa do Lago como economista o faz acreditar que a solução para a crise climática passa necessariamente pela economia. Ele relembra o relatório Stern, de 2006, que já apontava ser mais barato combater as emissões do que arcar com as consequências do aquecimento global.
Apesar disso, Corrêa do Lago lamenta que a crise climática ainda não tenha sido devidamente incorporada à teoria econômica. Ele aponta que muitos governos e empresas negligenciam os impactos climáticos em seus planejamentos financeiros. Além dos desafios econômicos, a organização da COP30 enfrenta obstáculos logísticos e políticos, como a construção de uma estrada na Amazônia e as críticas ao governo brasileiro por autorizar projetos de mineração e exploração de petróleo na região.
No cenário internacional, a ausência de países como os EUA e a resistência de nações produtoras de petróleo dificultam a negociação de compromissos mais ambiciosos para a redução de emissões, que precisam ser apresentados até novembro. Corrêa do Lago mantém a esperança de que os países consigam se unir para enfrentar a crise climática, a exemplo do que ocorreu há 40 anos para proteger a camada de ozônio.
O diplomata brasileiro acredita que, assim como a ação humana reverteu a crise da camada de ozônio, é possível reverter o quadro das mudanças climáticas. Ele adverte, no entanto, que a inércia resultará em uma aceleração das mudanças climáticas, com graves consequências para a economia e a sociedade global. A negação econômica da COP30, portanto, representa um obstáculo significativo para o futuro do planeta.
Via InfoMoney