No reino animal, a comunicação é uma arte, especialmente quando se trata de cortejo. Um estudo recente revelou que os machos de chimpanzés utilizam uma variedade de gestos sutis para sinalizar interesse sexual às fêmeas. Esses sinais de chimpanzé para sexo variam entre as comunidades, e a pesquisa destaca como a atividade humana pode estar impactando essa linguagem comportamental única.
Um estudo publicado na revista _Current Biology_ lança luz sobre as diversas formas que os chimpanzés machos empregam para comunicar suas intenções reprodutivas. A pesquisa, liderada por Roman Wittig, analisou cerca de 495 gestos em quatro comunidades de chimpanzés na Costa do Marfim. Os cientistas descobriram que os machos usam sinais discretos para atrair a atenção de potenciais parceiras, evitando confrontos com outros machos.
Dentro da floresta Taï, diferentes grupos desenvolveram seus próprios dialetos de cortejo. Nas comunidades do sul e do leste, os machos praticam o “corte de folhas”, que consiste em rasgar tiras de folhas. Já nos grupos do nordeste, o sinal preferido é o knuckle knock, onde batem com os nós dos dedos em superfícies duras. Além desses gestos específicos, os machos de todas as comunidades também exibem comportamentos como balançar galhos e chutar os calcanhares.
Honora Néné Kpazahi, assistente de campo que acompanha as populações de chimpanzés de Taï há mais de 30 anos, foi crucial na descoberta e interpretação desses gestos. Ela observou que o knuckle knock, antes comum entre os grupos do norte, desapareceu devido ao declínio populacional causado por surtos de ebola e doenças respiratórias transmitidas por humanos.
Essa perda de conhecimento cultural destaca o impacto das atividades humanas na vida desses animais. A pesquisa mostra que a perturbação humana, como a caça e a destruição de habitats, ameaça a sobrevivência dos chimpanzés e sua capacidade de se adaptar às mudanças em seu ambiente. Inza Koné, biólogo conservacionista, enfatiza que a perda de conhecimento cultural é comparável à perda de diversidade genética, afetando a resiliência da espécie.
O estudo é o primeiro a detalhar o uso de gestos discretos pelos chimpanzés para fins de cortejo e a documentar o desaparecimento de um comportamento cultural específico devido à interferência humana.