China enfrenta dilema na política monetária com corte do Fed

Pequim considera ações diante da iminente redução das taxas pelo Fed.
12/09/2025 às 10:03 | Atualizado há 1 semana
Política monetária da China
Pressão sobre os formuladores de política monetária da China para evitar desaceleração. (Imagem/Reprodução: Infomoney)

Pequim se depara com um momento decisivo em sua política monetária. O Banco Popular da China (PBOC) precisa equilibrar o estímulo ao crescimento econômico e o controle do mercado acionário. Com a expectativa de corte nas taxas de juros pelo Federal Reserve, as decisões atuais terão um impacto significativo no futuro econômico da China.

Os formuladores da política monetária estão cautelosos e buscam evitar uma desaceleração brusca que possa abalar o emprego. Eles também querem evitar os erros do passado, como a flexibilização excessiva que resultou em uma bolha no mercado acionário. O cenário atual exige uma análise cuidadosa dos indicadores econômicos internos.

Uma possível redução nas taxas do Fed pode oferecer uma oportunidade para o PBOC afrouxar sua política sem risco de fuga de capitais. No entanto, se o mercado acionário permanecer aquecido, o PBOC pode hesitar em realizar cortes imediatos nas taxas, buscando um equilíbrio que evite novas bolhas financeiras.
Pequim enfrenta um momento crucial na gestão de sua **política monetária da China**. Com a expectativa de um possível corte nas taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed) dos EUA, o Banco Popular da China (PBOC) se vê em uma encruzilhada: como estimular o crescimento econômico sem superaquecer o mercado de ações? As decisões tomadas agora serão determinantes para a estabilidade financeira e o futuro econômico do país.

A cautela é a palavra de ordem para os formuladores da política monetária da China. Eles buscam evitar uma desaceleração econômica brusca que possa impactar o emprego e a estabilidade social. Ao mesmo tempo, querem evitar os erros do passado, como a flexibilização agressiva de 2014-2015 que resultou em uma bolha no mercado de ações.

Uma redução nas taxas de juros pelo Fed poderia abrir espaço para o PBOC afrouxar sua política monetária sem o risco de fuga de capitais. No entanto, a decisão final dependerá da análise dos sinais econômicos internos, ao invés de seguir automaticamente os passos dos EUA. O mercado financeiro prevê que o Fed poderá reduzir as taxas em 0,25 ponto percentual em sua reunião de setembro, com novas reduções até o final do ano.

O estado da economia chinesa é um fator determinante. O mercado de ações está aquecido e uma redução das taxas poderia intensificar essa situação. Ting Lu, economista-chefe da Nomura, acredita que o PBOC evitará cortes imediatos se a alta das ações persistir, mas poderá realizar um corte de 10 pontos-base se os mercados se corrigirem.

Em 2025, o PBOC já reduziu sua taxa básica de juros em 10 pontos-base e diminuiu o índice de reservas obrigatórias (RRR) dos bancos em 50 pontos-base, como parte de um conjunto de medidas de estímulo. A chave é encontrar um equilíbrio entre impulsionar o crescimento e evitar a formação de bolhas financeiras.

Analistas se mostram otimistas em relação às ações chinesas, observando que o movimento é liderado por investidores institucionais. As famílias chinesas, com cautela em relação a gastos e investimentos, possuem um montante recorde de 160 trilhões de yuanes em economias.

A segunda maior economia do mundo enfrenta desafios, com avanços em tecnologia e manufatura que não compensaram totalmente as quedas nos setores tradicionais. Dados recentes indicam que o crescimento da produção industrial atingiu o menor nível em oito meses em julho, as vendas no varejo caíram e os novos empréstimos em yuanes se contraíram pela primeira vez em 20 anos.

As exportações também desaceleraram em agosto, com o fim do impulso da trégua tarifária com os EUA. A economia chinesa cresceu 5,2% no segundo trimestre, impulsionada por estímulos e pela trégua tarifária. Para alcançar a meta de crescimento de 2025, será necessário evitar uma desaceleração acentuada nos próximos trimestres.

Antes da pandemia de Covid-19, a economia da China cresceu a uma taxa média anual de 6,7% entre 2015 e 2019, de acordo com dados oficiais. O governo poderá implementar novas medidas de estímulo, especialmente para o setor imobiliário. A política fiscal, que tem sido menos favorável, também poderá ser intensificada.

O Banco Popular da China tem flexibilizado a política monetária da China menos do que o esperado, em parte devido à trégua tarifária com os EUA. No entanto, o equilíbrio está se tornando mais delicado, com maiores riscos para a economia e os mercados. O PBOC tem desempenhado um papel importante no apoio ao mercado de ações, utilizando ferramentas direcionadas para fornecer liquidez às instituições para a compra de ações.

Espera-se que o aumento das ações ajude a fortalecer os balanços patrimoniais das famílias afetadas pela crise imobiliária e impulsione o consumo. A taxa de política monetária está em um patamar baixo de 1,4%, 115 pontos-base a menos desde o início da guerra comercial entre os EUA e a China em 2018. A RRR média ponderada foi reduzida de quase 15% para 6,2%, também um recorde de baixa.

A China tem afrouxado continuamente a política monetária, o que significa que o espaço para novos cortes é limitado. A atenção do mercado está voltada para as próximas decisões do PBOC e seu impacto na economia global.

Via InfoMoney

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Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.