Astrônomos da NASA podem ter detectado o sistema planetário mais veloz já observado, utilizando um método indireto de observação. Este sistema é composto por uma estrela “mirrada” e um planeta 30 vezes mais massivo que a Terra. Se a relação deste sistema binário for confirmada com uma observação de 2011, ele poderá estar se movendo a 1,9 milhão de quilômetros por hora, o dobro da velocidade do nosso sistema solar na Via Láctea.
De acordo com o estudo publicado na revista The Astronomical Journal, a estrela hospedeira tem um quinto da massa do Sol e está a 24 mil anos-luz da Terra, numa região entre o Sistema Solar e o centro da galáxia. Mas, afinal, é um sistema planetário ou um planeta errante?
A primeira observação do sistema ocorreu em 2011, quando cientistas analisaram dados do projeto MOA (Observações de Microlente em Astrofísica). A iniciativa utiliza a microlente gravitacional para estudar objetos astrofísicos como exoplanetas e matéria escura. A microlente gravitacional ocorre quando um objeto massivo passa em frente a uma estrela distante, distorcendo o espaço-tempo e amplificando a luz da estrela.
A equipe de 2011 não tinha certeza se os objetos eram uma estrela com 20% da massa do Sol e um planeta micro-Netuno (29 vezes mais pesado que a Terra), ou um planeta errante com quatro vezes a massa de Júpiter e uma lua menor que a Terra.
Os pesquisadores usaram os sinais de microlente para inferir que um objeto era 2,3 mil vezes mais pesado que o outro. David Bennett, da Universidade de Maryland College Park (UMD) e NASA Goddard, afirmou que determinar a razão de massa é fácil, mas calcular as massas reais é mais difícil.
Para descobrir se os objetos de 2011 eram um planeta errante e sua lua, astrônomos pesquisaram dados do Observatório Keck no Havaí e do satélite Gaia da Agência Espacial Europeia (ESA). Se fosse o caso, os objetos seriam invisíveis em observação óptica ou infravermelha, pois não emitem luz própria.
Os astrônomos encontraram uma estrela suspeita a 24 mil anos-luz de distância, na região central da galáxia, onde as estrelas estão mais densamente agrupadas. Comparando a localização da estrela em 2011 e 2021, a equipe calculou sua alta velocidade, embora o exoplaneta em órbita não tenha sido observado desta vez.
Com base no tamanho do objeto maior, Sean Terry, da UMD e do Goddard, afirmou que eles acreditam que seja um mundo super-Netuno orbitando uma estrela de baixa massa a uma distância entre as órbitas de Vênus e da Terra. Se for o caso, será o primeiro planeta a orbitar uma estrela hiperveloz, e será inabitável.
O movimento foi observado em duas dimensões, então, se o objeto estiver se movendo em nossa direção ou se afastando, sua velocidade será maior. Se ultrapassar a velocidade de escape da galáxia (600 quilômetros por segundo), o sistema exoplanetário provavelmente sairá da Via Láctea em milhões de anos.
Para confirmar que a estrela recém-identificada faz parte do sistema planetário mais veloz de 2011, Bennett explica que seria necessário observá-la novamente em outro ano para ver se ela se move na quantidade e direção certas, confirmando que veio do ponto onde o sinal foi detectado. Caso a estrela permaneça fixa, não será a mesma de 2011.
Através desta descoberta, os cientistas poderão ter mais informações sobre sistemas exoplanetários e planetas errantes. A confirmação da velocidade do sistema pode ajudar a prever seu destino e trajetória futura.