A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) aponta que o acesso ao crédito rural pode se tornar mais desafiador na próxima safra, devido a um cenário de incertezas fiscais e uma taxa Selic elevada, fixada em 14,75%. A preocupação foi manifestada durante uma audiência pública no Senado Federal, que discutiu a importância do Plano Agrícola e Pecuário 2025/26.
Guilherme Rios, assessor técnico da CNA, destacou que os produtores estão apreensivos com a dificuldade de acesso ao crédito, tanto privado quanto subvencionado, diante do aumento da inflação e do endividamento público. Em 2025, o orçamento destinado às Operações Oficiais de Crédito (OOCs) para custeio e investimento é de R$ 14 bilhões.
Esse montante, embora superior ao do ano anterior, ainda é considerado insuficiente para atender a demanda do setor. A CNA estima que a agropecuária brasileira necessita anualmente de cerca de R$ 1,2 trilhão em recursos. Atualmente, o financiamento do setor é composto por fontes privadas (42%), recursos próprios (25%) e pelo Plano Safra (33%).
Durante a audiência, foi apresentado um panorama do último Plano Agrícola e Pecuário e seu desempenho nos últimos 10 meses. Dos R$ 475 bilhões anunciados, aproximadamente 64% (R$ 304 bilhões) foram efetivamente contratados pelos produtores.
Os principais obstáculos apontados para esse resultado incluem o excesso de burocracia, a atratividade do crédito privado, a ausência de ferramentas de seguro rural, a maior rigorosidade dos bancos nas análises, a subvenção insuficiente e a suspensão ocorrida em fevereiro deste ano. Mesmo diante dessas dificuldades, os produtores buscaram outras fontes de crédito rural.
As dez propostas prioritárias do Sistema CNA/Senar para o Plano Agrícola e Pecuário 2025/2026 foram apresentadas. O documento foi elaborado em conjunto com produtores rurais, federações estaduais e sindicatos. Entre as principais demandas do setor, destacam-se a modernização do seguro rural e a garantia de maiores recursos para custeio, comercialização, investimentos e agricultura familiar.
A necessidade de modernização do seguro rural é vista como crucial para mitigar os riscos inerentes à atividade agrícola. Garantir recursos adequados para custeio e comercialização é fundamental para assegurar a sustentabilidade financeira dos produtores. Investimentos em tecnologia e infraestrutura são apontados como essenciais para aumentar a produtividade e a competitividade do setor.
O apoio à agricultura familiar também é uma prioridade, visando fortalecer a base da produção e promover o desenvolvimento social no campo. A expectativa é que o novo Plano Agrícola e Pecuário possa contemplar essas demandas e contribuir para o crescimento sustentável da agropecuária brasileira.
Via Money Times