Um suposto esquema de corrupção na Câmara da Serra veio à tona após denúncia do comerciante Rafael Moraes, de 42 anos. A revelação foi feita através de um áudio divulgado nas redes sociais, onde vereadores discutem a cobrança de repasses financeiros de empresários. Em troca, os parlamentares supostamente dariam andamento ao Projeto de Lei nº 69.
A proposta em questão, encaminhada pelo Executivo, visa legalizar áreas ocupadas por civis, empresários, comerciantes e moradores em diversas regiões do município. Segundo a denúncia, os vereadores estariam exigindo dinheiro dos ocupantes desses terrenos para garantir a aprovação do projeto.
No áudio divulgado, é possível identificar as vozes dos vereadores Saulinho da Academia (PDT), que preside a Câmara, Wellington Alemão (REDE), Cleber Serrinha (MDB), Teilton Valin (PDT) e Dr. William Miranda (UB). A gravação expõe uma discussão acalorada entre eles, motivada por suspeitas de que alguns estariam arrecadando valores maiores do que outros junto aos empresários.
De acordo com Rafael Moraes, os vereadores teriam agido de forma individual, imprimindo documentos do projeto e procurando os empresários para negociar os valores. “Eles estavam brigando entre si porque desconfiavam que um estava ganhando mais que o outro”, afirmou o comerciante.
A denúncia de corrupção na Câmara da Serra foi formalizada por Rafael Moraes junto ao Ministério Público do Espírito Santo (MPES) no início de março, além de ter sido amplamente divulgada em suas redes sociais. O caso ganhou ainda mais notoriedade após o comerciante relatar que vem sofrendo ameaças.
Na noite de terça-feira (8), Rafael recebeu uma ligação de um funcionário da Câmara, que, sem se identificar, o alertou sobre um suposto rateio de R$ 100 mil para silenciá-lo. “Esse homem me ligou e disse com todas as letras: ‘toma cuidado, fizeram uma vaquinha pela sua cabeça'”, denunciou Rafael, evidenciando a gravidade da situação.
Conhecido por utilizar suas redes sociais para expor problemas da cidade, Rafael afirma estar receoso, mas determinado a seguir com as denúncias sobre a corrupção na Câmara da Serra. “Não tenho envolvimento político, mas me recuso a ver a corrupção se instalar na minha cidade como se fosse normal”, declarou o comerciante.
O Ministério Público do Espírito Santo (MPES) confirmou o recebimento da denúncia e informou que uma investigação está em andamento. Em nota, o órgão ressaltou que, por se tratar de um procedimento sigiloso, não poderá divulgar informações adicionais no momento. Até o momento, os gabinetes dos vereadores citados não se manifestaram sobre o caso.
A situação expõe um momento delicado na política local, com a população aguardando o desenrolar das investigações e a apuração dos fatos relacionados à corrupção na Câmara da Serra.